O diálogo ecuménico e inter-religioso, a relação com o Estado laico e o reforço da
acção sócio-caritativa são, segundo D. Eurico Dias Nogueira, os grandes desafios que
a Igreja Católica portuguesa deve enfrentar, para continuar a ser fiel ao espírito
do II Concílio do Vaticano.
No âmbito do 40.º aniversário do encerramento do
maior acontecimento eclesial do século passado, o Arcebispo emérito de Braga disse
ao Diário do Minho que «o diálogo com os cristãos não católicos e inter-religioso
deve estar, de forma permanente, na agenda da Igreja». «O movimento ecuménico é imparável
e tenho pena que não avance mais rapidamente. Mas há que ter em conta a lenta evolução
das mentalidades. O diálogo não acontece por decreto», explicou o ex-titular da cátedra
arquidiocesana, que participou na terceira e quarta sessões conciliares e na respectiva
cerimónia de encerramento, que decorreu na Praça de São Pedro.
Ao invés, o
prelado bracarense lamentou «o afastamento por parte de muitos políticos e intelectuais
de raiz cristã da perspectiva doutrinária da Igreja. Em determinadas figuras públicas
existem preconceitos em relação à Igreja e alguns procuram mesmo reduzir a sua acção
à sacristia. Uma coisa é não existir uma religião oficial, mas outra é haver um ataque
permanente a todas as manifestações religiosas. Não se pode aceitar esta atitude».
Por outro lado, D. Eurico Dias Nogueira acabou por defender um maior envolvimento
das instituições sócio-caritativas «nas grandes problemáticas, tal como a fome, doenças
e desigualdades económico-sociais», já que, «em Portugal, mais de metade das obras
de assistência social pertencem ou estão ligadas à Igreja Católica».