BENTO XVI LANÇA NOVO APELO PELA PAZ NO MUNDO, EM AUDIÊNCIA A 11 NOVOS EMBAIXADORES
JUNTO À SANTA SÉ
Cidade do Vaticano, 1º dez (RV) - Todos somos chamados a nos comprometer concretamente
pela paz: foi a veemente exortação de Bento XVI na audiência a 11 embaixadores junto
à Santa Sé _ provenientes da África, Ásia, Europa e América _, recebidos na Sala Clementina
para a apresentação de suas Cartas Credenciais.
Diante dos embaixadores de
11 nações de quatro continentes, Bento XVI lançou um novo apelo a fim de que os responsáveis
pelas nações, e com eles os homens de boa vontade, "se dêem as mãos para fazer cessar
a violência que desfigura a humanidade". Uma chaga, disse ele, que "mortifica o crescimento
e as esperanças de numerosos povos".
"Sem o compromisso de todos a trabalhar
pela paz e a criar um clima de pacificação a partir das famílias, não será possível
avançar no caminho de uma sociedade pacificada", advertiu o Pontífice. O Papa exortou
os embaixadores a favorecerem o diálogo entre os povos. Em seguida, fez votos para
que "todos os homens do nosso tempo se comprometam em favor da paz e da reconciliação",
porque não basta querer a paz para obtê-la.
Em seguida, o Papa ressaltou a
importância da educação das novas gerações para promover a cultura da paz. O Santo
Padre indicou a necessidade "de dar às famílias e às estruturas educacionais o modo
de formá-los, de transmitir aos jovens os valores espirituais, morais e sociais essenciais,
preparando-os deste modo a um futuro melhor ".
De sua parte, prosseguiu Bento
XVI, a Igreja Católica não cessa de dar a sua contribuição, "formando o sentido religioso
nos indivíduos, que não pode deixar de fazer crescer em cada um o sentido da fraternidade
e da solidariedade".
Além do discurso comum, o Papa se deteve sobre as realidades
dos 11 países representados pelos novos embaixadores, 5 dos quais provenientes do
continente africano. O discurso de Bento XVI ao novo embaixador da Argélia, Idriss
Jazairy, foi todo centralizado na liberdade religiosa e no diálogo entre cristãos
e muçulmanos pela paz.
A liberdade religiosa e a promoção da paz foram os
temas-chave do discurso de Bento XVI ao embaixador da Eritréia, Petros Tseggai Asghedom.
Na Eritréia, constatou, "os efeitos da guerra se somam aos danos provocados pela penúria,
pela seca e pela pobreza". Por isso, a Igreja reitera seu compromisso na luta contra
"a fome, a miséria e as doenças".
O compromisso da Igreja pela reconciliação
esteve no centro do discurso do Pontífice ao diplomata Felix Kodjo Sagbo, embaixador
do Togo, país africano abalado nos meses passados por violentas desordens após as
eleições políticas. "A violência, disse o Papa, jamais pode ser o meio adequado para
construir uma sociedade justa e solidária."
No discurso ao embaixador da Tanzânia,
Ali Abeid Amani Karume, Bento XVI louvou a generosidade mostrada pelo país africano
ao acolher quase um milhão de refugiados dos países vizinhos, transtornados pela guerra.
Já o discurso do Pontífice à embaixadora da África do Sul, Konji Sebati, foi
centralizado nos novos desafios após o fim do apartheid. Bento XVI expressou admiração
pelos resultados alcançados ao dar vida a uma sociedade "integrada, estável e pluralista".
Uma passagem forte do discurso foi dedicada à pandemia da AIDS, particularmente difundida
entre a população sul-africana. Bento XVI reiterou o compromisso da Igreja em apoiar
as políticas baseadas na "continência e na fidelidade conjugal", bem como na importância
da vida familiar, como instrumentos eficazes para derrotar o vírus.
Por fim,
as relações entre Igreja e Estado, a secularização das sociedades, o objetivo do bem
comum, a luta contra a pobreza, as tensões sociais e a integração dos imigrados, a
justiça e a paz entre os povos, o diálogo ecumênico e inter-religioso: foram esses
os temas candentes que Bento XVI enfrentou nos discursos dirigidos aos embaixadores
dos outros seis países: Dinamarca, Finlândia, Nepal, El Salvador, Santa Lúcia e Andorra.
Em
especial, o Papa falou da urgência da paz no discurso dirigido ao embaixador Madan
Kumar Bhattarai, do Nepal, transtornado como outros países da região pela violência,
fazendo votos de que "todas as partes em conflito ponham fim ao derramamento de sangue
que causa tanto sofrimento" e "tomem o caminho do diálogo e da negociação, o único
que pode garantir a todo o povo nepalês justiça, tranqüilidade e harmonia". (RL)