REAÇÕES À INSTRUÇÃO SOBRE HOMOSSEXUALISMO E SACERDÓCIO
Roma, 30 nov (RV) - A Instrução da Congregação para a Educação Católica sobre
o "discernimento vocacional concernente às pessoas com tendências homossexuais" repercutiu
em todo o mundo, suscitando várias reações e interpretações.
O Primaz da Inglaterra
e Gales, Cardeal Cormac Murphy-O'Connor, Arcebispo de Westminster, negou hoje que
o novo documento vaticano sobre o homossexualismo descarte homens com essa tendência
como candidatos ao sacerdócio. O Cardeal precisou, numa declaração, que o documento
da Congregação para a Educação Católica estabelece apenas que os candidatos ao Seminário
e ao sacerdócio devem ser emocionalmente maduros, capazes de manter-se solteiros,
e não partilhar valores de uma cultura gay "erótica".
Por sua vez, o ex-superior
dos Dominicanos, P. Timothy Radcliffe, afirma que não é correto interpretar o documento
vaticano no sentido de descartar como possíveis sacerdotes os homens com inclinações
homossexuais permanentes. "Talvez seja melhor entendê-lo como dirigido a pessoas cuja
orientação sexual é centralizada demais na percepção que têm de si mesmas, o que,
aliás, pode se verificar também com um heterossexual" _ esclareceu. "Na hora de viver
seu celibato sacerdotal, um homem demasiado concentrado em sua sexualidade teria problemas"
_ argumentou P. Radcliffe.
P. Samir Kalil Samir, sacerdote jesuíta árabe,
professor de Teologia Cristã e especialista em Islamismo, do Pontifício Instituto
Oriental, comentou o documento sobre os homossexuais e o sacerdócio, afirmando: "Faz
sentido que o coração dos padres seja solteiro. É claro que, para quem já pratica
o homossexualismo, o sacerdócio é inadmissível. Então, por que colocar uma pessoa
que tem essa tendência em conflito contínuo?" _ questionou o sacerdote. "É suficiente
explicar ao candidato que as duas opções são incompatíveis. Não se pode querer uma
coisa e o seu contrário" _ argumentou. (CM)