Roma, 30 nov (RV) - O mundo lembra,
nesta quinta-feira, 1º de dezembro, o Dia Mundial de Luta contra a AIDS, uma luta
em que estamos longe da vitória: de fato, as Nações Unidas estimam que mais de 40
milhões de pessoas no mundo sejam portadoras do HIV.
Apesar dos esforços de
governos, organizações internacionais e da sociedade, a AIDS prolifera numa velocidade
assustadora nos países mais pobres.
Mas a luta não está perdida.
Comunidades
dão o exemplo do que pode ser feito
Duas comunidades católicas _ uma brasileira
e outra italiana _ são exemplos de que a solidariedade e o voluntariado podem ajudar
a salvar vidas e aliviar o sofrimento dos doentes.
Moçambique, África, um país
de colonização portuguesa e 18 milhões de habitantes, ilustra bem a tragédia provocada
pela AIDS no continente africano. Quase 8% da população de Moçambique, ou seja, 1
milhão e 300 mil pessoas são soropositivas. Por causa da epidemia, a expectativa de
vida de um moçambicano hoje é de 39 anos.
Até 2010, a expectativa média de
vida no país baixará ainda mais, devendo chegar aos 35 anos, enquanto um brasileiro
vive cerca de 70 anos, mais que o dobro dos moçambicanos. Esses números configuram
uma catástrofe e sensibilizaram um grupo de católicos italianos: a comunidade romana
de Santo Egídio.
Há cinco anos, mais de 300 voluntários da Comunidade de Santo
Egídio desenvolvem um admirável projeto de luta contra a AIDS, em Moçambique. A atuação
desse pessoal concentra-se em duas frentes: a prevenção da transmissão do HIV da mãe
para o bebê e durante as transfusões de sangue.
Neste tempo, o grupo já reformou
e estruturou três ambulatórios e três centros de saúde, o que hoje permite à população
fazer o teste diagnóstico.
Graziela Tintisona, uma das coordenadoras do programa,
conta que a prioridade agora é conseguir que todos os portadores do HIV tenham acesso
ao tratamento antiviral, que consegue prolongar a vida do doente por até 30 anos.
"Curar
os doentes é nossa prioridade. Os programas só de prevenção fracassaram, pois faziam
a prevenção sem dar esperança para o futuro. Por isso, estamos investindo fortemente
na terapia retroviral. Reformamos laboratórios e passamos a trabalhar com medicamentos
genéricos, para reduzir os gastos do tratamento. Hoje, temos mais de 11 mil portadores
do HIV fazendo o tratamento e já levamos o programa para países em que a situação
é tão grave quanto em Moçambique, como Malauí, Tanzânia e Quênia".
A Igreja
no Brasil empenhada nessa luta
No Brasil, um exemplo de iniciativa cristã
no combate à epidemia e de apoio aos portadores do HIV é o trabalho da Pastoral da
AIDS da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Criada em 1999, a
Pastoral já formou mais de três mil agentes, que atuam em suas comunidades espalhadas
por todo o Brasil e em 250 projetos como centros de convivência e casas de apoio.
Os
agentes fazem o trabalho de prevenção, informando a população sobre as formas de contágio
e prestando solidariedade aos soropositivos, acolhendo as pessoas já infectadas e
fazendo visitas hospitalares e domiciliares aos doentes terminais.
Fr. Luiz
Carlos Lunardi, assessor da Secretaria Nacional da Pastoral, destaca o importante
papel que os católicos e a Igreja devem sempre desempenhar na luta contra a AIDS.
(RW)