ANCIÃ AGONIZA EM CADEIA BRASILEIRA, DENUNCIA PASTORAL CARCERÁRIA
Roma, 30 nov (RV) - Todos os brasileiros são iguais perante a lei. É o que
diz a nossa Constituição. Na prática, porém, não é bem assim que as coisas funcionam.
Enquanto
um juiz deu a liberdade provisória ao ex-prefeito e ex-governador paulista Paulo Maluf,
por razões humanitárias, uma senhora de 79 anos, que sofre de câncer em fase terminal,
e que não tem antecedentes penais, aguarda seu julgamento, agonizando na cadeia.
A
denúncia é da Pastoral Carcerária de São Paulo.
Pesando menos de 40 quilos,
a ex-bóia-fria, Iolanda Figueiral, está detida há quatro meses, na Penitenciária Feminina
do Tatuapé, em São Paulo. Lá, Iolanda espera a morte, longe dos quatro filhos, dos
15 netos e dos 15 bisnetos. Seu estado de saúde é praticamente irreversível.
A
acusação que pesa contra ela é de tráfico de drogas. Iolanda foi presa depois que
policiais encontraram 19 pedras de crack em sua casa. Ela jura inocência. Diz que
a droga foi jogada na sua casa por um estranho pouco antes de a polícia chegar. E
como ainda não foi julgada, Iolanda pode mesmo ser inocente, visto que a lei garante
a inocência de todo cidadão, até que seja provado o contrário.
Há pouco tempo,
a Pastoral Carcerária entrou no caso e, a partir de então, tenta relaxar a prisão
da ex-bóia-fria alegando as mesmas razões humanitárias que garantiram a liberdade
de Paulo Maluf.
No entanto, a Justiça parece não estar disposta a colaborar.
O juiz da 6ª Vara Criminal de Campinas e o Tribunal de Justiça de São Paulo rejeitaram
o pedido de habeas corpus. A alegação de ambos é que o tráfico de drogas é
equiparado a um crime hediondo, o que tira o direito do réu de esperar o julgamento
em liberdade.
Agora, a última esperança que resta é um recurso que será julgado
pelo Supremo Tribunal Federal. Heidi Cerneka, agente da Pastoral Carcerária, torce
para que a Justiça permita que Iolanda possa realizar seu último sonho: morrer perto
dos filhos. (RW)