RABINO PEDE AO MUNDO ISLÂMICO MOBILIZAÇÃO CONTRA O TERRORISMO
Madri, 29 nov (RV) - O Rabino norte-americano, Arthur Schneier, de Nova York,
pediu hoje à "maioria silenciosa" do mundo islâmico, que se mobilize contra o terrorismo,
e disse que as recentes manifestações do povo jordaniano após os atentados de Amã
constituem um ponto de partida nesse sentido.
Vienense de nascimento, Schneier,
que sofreu na pele as ações do nazismo e já foi mediador entre líderes políticos e
religiosos, ressaltou que, após o ataque terrorista em Amã, "o povo jordaniano, pela
primeira vez, se manifestou e disse "basta!"" _ um gesto que ele espera que seja a
prova do surgimento de um grande movimento muçulmano de repúdio ao terrorismo.
O
líder judeu afirmou que um dos objetivos da Aliança das Civilizações, cujas propostas
o Grupo de Alto Nível da ONU _ do qual ele faz parte _ começou a desenvolver em Maiorca,
é "dar energia" a essa "grande maioria" de fiéis muçulmanos que rejeitam a violência
perpetrada por radicais que dizem praticá-la em nome da religião.
Para
isso, Schneier se mostrou partidário de se deixar de lado a idéia de que existe um
conflito de civilizações, como se o confronto fosse inerente à relação de Oriente
e Ocidente. Além disso, defendeu também que se descarte o conceito de "tolerância"
entendido como a condescendência de uns em relação a outros.
Como exemplo
desse último conceito, Schneier assinalou que, na Espanha do generalíssimo Francisco
Franco, o Catolicismo era a crença oficial, enquanto se tolerava a prática de outras
religiões, mas a chegada da democracia implicou a instauração de uma verdadeira liberdade
religiosa baseada na "aceitação mútua".
Tal aceitação, disse, tem de ser
aplicada também no Ocidente para superar o temor dos árabes difundido por causa da
série de atentados iniciada em 2001, com o ataque contra as Torres Gêmeas do WTC,
de Nova York. Dessa forma, segundo ele, se poderá evitar a consolidação de um movimento
antimuçulmano, que o rabino comparou com o anti-semitismo nazista, do qual ele mesmo
foi vítima.
A "islamofobia" está mais disseminada na Europa do que nos
Estados Unidos, onde, na opinião do rabino, a população de cultura muçulmana está
mais integrada. (AF)