BENTO XVI ÀS PONTIFÍCIAS ACADEMIAS DAS CIÊNCIAS: CONJUGAR ÉTICA CRISTÃ E REFLEXÃO
SOBRE O HOMEM
Cidade do Vaticano, 21 nov (RV) - O conceito de pessoa humana é fundamental
para definir a centralidade de todo indivíduo na ordem social, em qualquer cultura.
E a Doutrina Social da Igreja, com sua visão revelada por Cristo, pode oferecer uma
grande contribuição aos estudos nesse setor, graças, entre outras coisas, à riqueza
do magistério de João Paulo II.
Foi a reflexão feita hoje, por Bento XVI, aos
membros das Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais, esta última,
ocupada nestes dias, no Vaticano, com a 11ª Assembléia Plenária, dedicada à noção
de pessoa.
O homem está, por sua natureza "no centro da ordem social", e na
medida em que faz parte da natureza, mas como sujeito livre e de posse de "valores
morais e espirituais", ultrapassa a própria natureza.
Essa realidade é "parte
integrante do pensamento cristão" e é também uma resposta direta "às tentativas de
abolir o confim entre as ciências humanas e as ciências naturais, comumente proposto
na sociedade contemporânea".
Em seu discurso aos membros das academias pontifícias,
Bento XVI tomou posição acerca de um tema que toca de perto o confronto entre pensamento
científico e Doutrina Social da Igreja, que vê no homem a suprema criatura de Deus.
Segundo
o desígnio do Criador _ reiterou Bento XVI _ as pessoas "não podem ser separadas da
dimensão física, psicológica ou espiritual" própria da natureza humana. "Embora as
culturas mudem com o tempo _ objetou ele _ suprimir ou ignorar a natureza" pode "ter
uma série de conseqüências".
Especialmente para as instituições sociais e jurídicas,
a noção de pessoa é fundamental para regular o espaço do agir social. "Por vezes,
todavia _ prosseguiu o Pontífice _ quando tal noção é reconhecida em declarações internacionais
e estatutos legais, determinadas culturas, de modo particular se não profundamente
tocadas pelo Evangelho, permanecem fortemente influenciadas" por algumas ideologias
ou por visões da sociedade condicionadas pelo individualismo ou pela secularização.
A isso se contrapõe o pensamento social da Igreja, que, ao invés, coloca a pessoa
humana "como centro e fonte da ordem social".
O Papa reconheceu a "indiscutível
contribuição" ao pensamento cristão e antropológico dada por João Paulo II, fundador,
em 1994, da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, mas, sobretudo, autor de um
magistério capaz de "uma profunda meditação sobre a pessoa". Suas encíclicas e seus
escritos, afirmou Bento XVI, representam "um patrimônio a ser recebido, acolhido e
assimilado com cuidado".
Em honra do Papa Wojtyla, Bento XVI inaugurou, na
Casinha Pio IV, onde recebeu os membros das Pontifícias Academias, um busto representando
o falecido Pontífice, com os votos de que a atividade acadêmica das duas instituições
pontifícias continue produzindo "um frutuoso intercâmbio entre o ensinamento da Igreja
sobre a pessoa humana e as ciências sociais". (RL)