RECORDAÇÃO DO BEM QUE DEUS FAZ AO HOMEM DEVE FALAR MAIS FORTE DO QUE RECORDAÇÃO DO MAL, AFIRMOU BENTO XVI

Cidade do Vaticano, 16 nov (RV) - Um grande hino que narra como a misericórdia de Deus pelos homens se tornou "história" através da encarnação de Jesus: esse foi o tema de fundo do Salmo 135, que Bento XVI explicou, esta manhã, na Audiência Geral na Praça São Pedro, diante de 22 mil fiéis e peregrinos.

Bento XVI concluiu a audiência com um forte apelo contra "o aborto voluntário", de modo a proclamar "de modo concreto o Evangelho da vida".

O "Grande Hallel" _ outro nome do Salmo 135 _ celebra, explicou Bento XVI, "as ações libertadoras do Senhor" que têm, como sempre, um alcance maior em relação à ação em si. "Deserto e mar, observou o Pontífice, representam então a passagem através do mal e da opressão para receber o dom da liberdade e da terra prometida."

No tempo das provações e das opressões, prosseguiu Bento XVI, "Israel descobrirá sempre a mão salvadora do Deus da liberdade e do amor". Assim como a humanidade de todos os tempos, da qual Israel é imagem: na plenitude do tempo, afirmou o Pontífice, "o Senhor entrará em cena para oferecer a toda a humanidade o alimento, confirmando a sua identidade de Criador".

"O Senhor é, naturalmente, transcendente como Criador. Mas é também próximo às suas criaturas, entrando no espaço e no tempo. Aliás, a sua presença no meio de nós alcança o seu ápice na encarnação de Cristo."

Um evento, este último, que o salmista não havia conhecido, mas que os cristãos sempre manifestaram com um sentido infinito de gratidão desde os primeiros tempos, através dos Padres da Igreja.

Os milhares de fiéis e peregrinos presentes na Audiência Geral puderam colher uma ressonância desse reconhecimento nas palavras que Bento XVI acrescentou como comentário, fora do texto escrito, da catequese, falando da vinda de Jesus...

"A verdadeira graça que Deus nos concedeu: a graça do Filho, a graça da encarnação na qual Deus se doou a nós e permanece conosco na Eucaristia, na sua Palavra, todos os dias até o fim da história. O nosso perigo humano é que a nossa recordação do mal, dos males sofridos, seja muito mais forte do que a recordação do bem. O Salmo serve para despertar em nós também a memória do bem, de tanto bem que o Senhor nos fez e faz. Vejamos se o nosso coração se torna atento a esse bem."

Em suas saudações ao fim da catequese, o Santo Padre dirigiu algumas palavras também aos fiéis e peregrinos de língua portuguesa: "Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, em particular o grupo vindo do Brasil, com votos duma romagem benéfica que favoreça, em todos, uma consciência mais viva e agradecida da misericórdia eterna com que o Pai do Céu guia e salva vossa vida e família em seu Filho Jesus. Ide com Deus!" (RL)