APRESENTADO A PARLAMENTARES ITALIANOS O COMPÊNDIO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
Cidade do Vaticano, 16 nov (RV) - O Cardeal Renato Raffaele Martino, Presidente
do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", apresentou aos parlamentares italianos,
esta manhã, o Compêndio da Doutrina Social da Igreja. O encontro, do qual participou
o Presidente da Câmara, Pier Ferdinando Casini, se realizou na Sala do Cenáculo, nas
dependências do Palácio Montecitório, sede do Parlamento italiano.
O Cardeal
Martino ressaltou, na ocasião, que a laicidade é um princípio cristão instituído por
Jesus com a expressão "dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". A
seguir, reiterou que é preciso distinguir a laicidade do laicismo, recordando que
não se pode imaginar uma fé descomprometida da vida pública.
Contestando uma
concepção da laicidade que exclui a religião da vida pública, relegando-a a um foro
meramente privado, o Cardeal Martino reiterou que o Catolicismo jamais poderá renunciar
a que a fé desempenhe um papel público.
"Um regime político autenticamente
laico aceita que os indivíduos cristãos ajam como cristãos na sociedade, sem camuflar-se,
assim como aceita que a Igreja manifeste suas avaliações sobre as grandes questões
éticas em jogo. Esse é um interesse da própria política, uma vez que, se esta pretende
viver como se Deus não existisse, acaba por tornar-se árida e perde a consciência
da intangível dignidade humana."
Ilustrando a seguir, a concepção da democracia
segundo o Compêndio, o Presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz" disse
que a democracia é entendida não somente como liberdade política e eleitoral, não
somente como participação de todos no debate público, e nem somente como reivindicação
de direitos, mas também e, sobretudo, como tutela e promoção da pessoa.
Por
sua vez, o Presidente da Câmara, Pier Ferdinando Casini, definiu o Compêndio como
um ponto de referência insubstituível para as opções difíceis que todos somos chamados
a fazer. Ele também precisou que a Igreja se limita a propor e não a impor sua visão
acerca das questões sociais.
As reações ásperas e quase sempre intolerantes
que tais propostas provocam _ disse o Presidente Casini _ "são a conseqüência de uma
crise de credibilidade da política, muito mais do que de um intento prevaricador,
por parte da Igreja e das autoridades eclesiásticas". (RL)