O catolicismo não pode renunciar a um papel público
O Cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, defendeu
que o Catolicismo não pode deixar de ter um papel na vida pública. Contestando uma
concepção de laicidade que exclui a religião da vida pública, relegando-a para a esfera
puramente privada, o Cardeal Martino frisou que “o Catolicismo nunca poderá renunciar
a um papel público da fé”.
“Um regime político verdadeiramente laico aceita tanto que um cristão aja como cristão
na sociedade, sem camuflar-se, como que a Igreja se manifeste com a sua avaliação
sobre as grandes questões éticas”, disse o Cardeal ao apresentar o Compêndio da Doutrina
Social da Igreja aos deputados italianos.
Para o antigo Representante da Santa Sé nas Nações Unidas, quando os regimes políticos
“vivem como se Deus não existisse” acaba por se perder a consciência da “intocável
dignidade do ser humano”.
“A democracia que é útil ao amadurecimento de uma comunidade política verdadeiramente
humana é aquela que é entendida não só como liberdade, política e eleitoral, não só
como participação de todos no debate público ou como reivindicação de direitos, mas
também e sobretudo, como tutela e desenvolvimento da pessoa”, concluiu.