Em Portugal comissão episcopal da educação cristã propõe visão mais ampla da sexualidade
A Comissão Episcopal da Educação Cristã (CEEC) lançou várias críticas ao “Relatório
Preliminar” do Grupo de Trabalho de Educação Sexual, criado por Despacho da Ministra
da Educação. Num Parecer sobre a “Educação Sexual em meio escolar”, este organismo
da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) lamenta a vinculação da “Educação Sexual”
à “Educação para a Saúde” e a ausência da “dimensão ética e dos valores”, da “perspectiva
das religiões e das diversas culturas” no referido documento.
“A ausência de relação harmónica entre a Educação Sexual e a construção progressiva
de um projecto de vida com sentido, conduz ao empobrecimento da sexualidade, reduzida
que fica à dimensão dos mecanismos corporais e reprodutores, que se pretende controlar”,
acrescenta o documento da CEEC.
Para os Bispos deste organismo, a proposta do Relatório tem um “prisma negativo”,
procurando evitar a “gravidez não planeada”, as “doenças sexualmente transmissíveis”
e “abusos e exploração sexual”, mas esquecendo “os aspectos psicológicos e relacionais”.
O Parecer da CEEC critica ainda “uma visão demasiadamente negativa quanto às capacidades
educativas dos pais” presente no referido Relatório e defende “a relação subsidiária
da Escola em relação à Família", que considera como a mais relevante comunidade educativa.
Sobre a “perspectiva da transversalidade a todas as disciplinas”, o Parecer prevê
uma “inevitável desorientação resultante da multiplicidade de mentalidades e de critérios
dos professores”, lembrando que nesta matéria as visões são plurais
Para esta Comissão Episcopal, a posição do Conselho Nacional de Educação sobre a “Educação
Sexual nas escolas” é “mais adequada como referência para o trabalho futuro”. Deste
documento são elogiadas a “visão mais ampla dos conceitos de Sexualidade e de Educação
Sexual”, o “sentido mais apurado da realidade e das potencialidades da Escola actual”,
a “abertura ao pluralismo” e “respeito pela autonomia das escolas”, bem como uma “maior
preocupação pela salvaguarda da continuidade do trabalho já desenvolvido pelas escolas”.