ORTODOXOS RUSSOS ROTULAM COMO "CONFLITO DE CIVILIZAÇÕES" AS AGITAÇÕES NAS PERIFERIAS
DE PARIS
Moscou, 15 nov (RV) - Para o Metropolita Kirill, Chefe do Departamento de Relações
Eclesiásticas Exteriores, do Patriarcado de Moscou, a guerrilha nas periferias de
Paris é somente a ponta do iceberg, no que ele definiu como "conflito de civilizações".
"Não
se trata _ afirmou hoje o Metropolita, durante uma coletiva de imprensa em Moscou
_ de um caso ordinário de vandalismo ou de protesto contra problemas sociais. É um
conflito de civilizações" _ asseverou.
Para o prelado ortodoxo, o conflito
"está fundado na idéia errônea de uma nova ordem mundial, que o Ocidente já está tentando
realizar, há muitos anos". Mas a idéia de construir um novo mundo, onde não se distinga
mais entre "Martini" e "Schwepps", não funciona. "Também nos Estados Unidos _ frisou
o Metropolita Kirill _ os italianos permanecem italianos, os chineses, chineses e
os russos, russos, até mesmo na terceira geração. Uma experiência dessas é impossível
na Europa."
O Metropolita sugeriu que se busquem "pontos de conjunção" onde
"o povo possa se unir, sem corromper a própria unidade". Somente assim "se poderá
construir uma sociedade harmoniosa".
Muito conservadora e tradicionalista,
a Igreja Ortodoxa russa já expressou, dias atrás, seu desejo de que as autoridades
francesas usem da força para sufocar as revoltas nas periferias de Paris.
De
maneira geral, a mídia russa acredita na idéia segundo a qual as desordens em Paris
se devem não a uma explosiva miscelânea de problemas socioeconômicos, mas à impossibilidade
de integrar as minorias étnicas muçulmanas. Daqui a grande atenção dada às palavras
do líder ultranacionalista francês, Jean-Marie Le Pen. (MZ)