FIÉIS AUSTRÍACOS PROTESTAM CONTRA CRÍTICAS "INJUSTAS" DO PAPA
Viena, 15 nov (RV) - Os católicos austríacos estão indignados, pelas críticas
_ segundo eles, "injustas" _ que Bento XVI teria feito à pastoral naquele país, durante
a recente visita "ad Limina" do Episcopado austríaco.
O semanário político
"Profil" dedica à questão, um artigo intitulado "Porque o Papa se engana", enquanto
o editorialista do semanário católico "Die Furche", sublinha a frustração generalizada,
particularmente entre os mais fiéis seguidores da Igreja na Áustria.
As primeiras
informações sobre as conversações entre os prelados austríacos e Bento XVI evidenciaram
que o Papa não estaria satisfeito, em especial no que se refere à juventude, porque
as formas atuais de ensino e prática religiosas não estão conformes às regras impostas
pela Santa Sé.
Em alguns ambientes católicos da Áustria, é forte o desejo de
compartilhar a comunhão com outras confissões cristãs, assim como o desejo de reaproximar
da Eucaristia, os divorciados recasados. Além disso, a escassez de vocações faz com
que membros do clero local advoguem a ordenação de homens casados. Mesmo porque, a
"importação" de sacerdotes da Polônia, para suprir a essa escassez é uma estratégia
que falhou, por diversas razões, entre as quais o fato de eles serem muito conservadores
e não estarem familiarizados com a mentalidade local.
Mesmo assim _ afirma
o "Profil" _ a Áustria continua sendo "um dos países mais cristãos da Europa".
O
Bispo de Graz-Seckau, Dom Egon Kapellari, representando o Presidente da Conferência
Episcopal Austríaca, Cardeal Christoph Schönborn, procurou acalmar os ânimos e pediu
para que não se desse "excessiva importância" a determinadas frases que "poderiam
provocar uma discórdia desnecessária".
O próprio Papa elogiou, mais adiante,
em seu discurso ao Episcopado austríaco, a "boa cooperação entre o Estado e a Igreja
na Áustria", destacou Dom Kapellari.
O Bispo disse que a Igreja é grata aos
milhares de professores de religião, pelo trabalho que desempenham, ainda que o Papa
ache que eles não repetem, suficientemente, os ensinamentos contidos no Catecismo
da Igreja Católica.
Fato é que o Catolicismo, efetivamente, perdeu influência
no país, particularmente depois dos escândalos em torno da nomeação de bispos. Entre
esses, destaca-se o falecido Cardeal Hans-Hermann Groer, então Arcebispo de Viena,
forçado a renunciar ao cargo, por acusações de pedofilia, e Dom Kurt Krenn, Bispo
de St. Pölten, que também foi afastado de suas funções, depois de ter-se visto envolvido
num escândalo de pornografia e pedofilia no Seminário de sua Diocese.
Os católicos
austríacos associam essas nomeações a uma política de "mudança de tendência", desejada
por Roma, para contrastar o amado Arcebispo de Viena, Cardeal Franz König, que buscava
uma reconciliação com a democracia social. (AF)