2005-11-15 15:42:00

Que papel para os católicos no futuro da UE?


Por ocasião do lançamento em Portugal da edição portuguesa do documento da COMECE (Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia) que tem por título “O futuro da União Europeia e a responsabilidade dos católicos”, realizam-se esta semana, em Lisboa e no Porto, dois Colóquios sobre esse tema.
A COMECE exige que os católicos assumam as suas responsabilidades na construção europeia, no momento em que o processo de alargamento/reunificação da Europa entra numa fase decisiva. “Hoje, após a adesão de 10 novos Estados-membros, o projecto da União Europeia tem necessidade de ser vivificado segundo o espírito que esteve na sua origem, em 1950”, escrevem os prelados no documento apresentado no passado mês de Maio, em Bruxelas.
Os Bispos da UE mostram-se muito preocupados como o que consideram a perda de entusiasmo dos seus povos “pela causa europeia e pela ideia de fraternidade entre todos”, o eurocepticismo que parece ter tomada conta de tantos, mormente aquando da adesão dos 10 novos Estados-membros. “Perante a importância e o alcance de tal acontecimento, teria sido possível esperar uma explosão de entusiasmo da parte dos países interessados, mas assistimos, pelo contrário, a uma certa discrição nas manifestações que saudaram as novas adesões”, lamentam.
O documento de 60 páginas foi redigido por um grupo de teólogos e filósofos provenientes de vários países europeus, sob a direcção do Bispo francês D. Hippolyte Simon, vice-presidente da COMECE. Esta publicação quer ser um “convite” a reflectir sobre o futuro da UE à luz das mudanças acontecidas nos últimos anos, com o alargamento da União. É aliás em volta do binómio alargamento/reunificação da Europa que os Bispos apresentam uma observação de grande alcance: para os povos do antigo bloco soviético, estes momentos da história da UE são muito mais significativos do que se pode perceber na Europa ocidental.
“Os europeus ainda não encontraram maneira de tomar plena consciência da dimensão destes acontecimentos, que se desenrolaram de forma pacífica e não violenta”, diz a COMECE, colocando como contraponto o clima que se vivia em 1950, pouco após o final da II Guerra Mundial.
“A paz é como a saúde, é um bem do qual se sente a falta apenas quando não o temos”, alertam, numa mensagem dirigida, em especial, à nova geração comunitária, “a primeira que não conheceu a guerra em solo europeu”.
A COMECE convida os europeus a interrogarem-se sobre o que significa o facto de a UE “ser a herdeira privilegiadas da Tradição cristã”. A provocação aos que procuraram ignorar as raízes cristãs do Velho Continente continua quando o documento assume que é preciso “falar de uma Europa cristã, não só nas suas fontes e nas suas origens, mas também no seu projecto e nos seus objectivos”.
Neste sentido, os prelados observam que a tradição cristã não é coisa do passado, nem se pode resumir a um património de “experiências históricas e de sabedoria político-social”. Essa tradição, segundo a COMECE, “continua a nutrir o compromisso dos cidadãos que se reconhecem explicitamente como crentes em Cristo”.
Esta herança “em movimento” tem de ser marcada pela “abertura”, de acordo com os episcopados comunitários – que citam, neste ponto, João Paulo II -, “contribuindo para a vitalidade cultural e espiritual da União”.







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