BENTO XVI: "A BELEZA DA CRIAÇÃO É O SINAL DA MISERICÓRDIA DE DEUS PARA COM O HOMEM"
Cidade do Vaticano, 09 nov (RV) - Diante da inexplicável grandeza da Criação,
algumas pessoas gostariam de demonstrar, cientificamente, a casualidade desprovida
de guia dessa mesma Criação, mas "a Sagrada Escritura desperta a razão que dorme".
Foi
o comentário com o qual o Bento XVI concluiu, esta manhã, a catequese da Audiência
Geral, dedicada ao tema da misericórdia de Deus, cantada pelo salmo 135.
A
Audiência, realizada na Praça São Pedro, sob um sol luminoso, contou com a presença
de milhares de fiéis e peregrinos, provenientes de todos os continentes, entre os
quais peregrinos da China e de Malauí.
Desde a Antigüidade, os salmos sempre
celebraram a justiça de Deus, a sua onipotência e a sua justiça. Muitos procuraram
também, versos de louvor, para exaltar a misericórdia de Deus, como o salmo 135 da
Liturgia das Vésperas, que Bento XVI explicou esta manhã.
Também chamado de
"O grande Halel", o salmo 135 _ disse o Papa _ é mais do que um simples canto de misericórdia,
mas "procura definir as atitudes" que se estabelecem no âmbito da relação entre Deus
e o homem: a fidelidade, a lealdade, o amor e a misericórdia.
"No contexto
de tal relação, Deus não aparece na Bíblia como um Senhor impassível e implacável,
contra cuja força misteriosa é inútil lutar. Ele se manifesta, ao invés, como uma
pessoa que ama suas criaturas, cuida delas, as acompanha no caminho da história e
sofre pelas infidelidades que comumente o povo opõe a seu amor, misericordioso e paterno."
"O
primeiro sinal dessa caridade", prosseguiu Bento XVI, "deve ser procurado na Criação",
antes de procurá-lo na história. Existe uma "revelação cósmica aberta a todos", que
fala através dos sinais da natureza: a terra e o céu, a água, o sol, as estrelas.
"Portanto,
existe uma mensagem divina, secretamente impressa na Criação e sinal da fidelidade
amorosa de Deus, que doa às suas criaturas o ser e a vida, a água e o alimento, a
luz e o tempo. É preciso ter olhos límpidos para contemplar essa revelação divina,
recordando a advertência do Livro da Sabedoria, que nos convida a "conhecer o Autor
mediante a grandeza e beleza das criaturas"."
O Papa concluiu, como faz muitas
vezes, citando as palavras de um antigo Padre da Igreja, nesse caso São Basílio Magno,
que expressa toda a sua admiração pela Criação, não obstante existam pessoas que,
"induzidas ao engano pelo ateísmo que carregam consigo _ observou o Pontífice _ imaginam
o Universo desprovido de condução e de ordem, como se estivesse à mercê do acaso".
"Acho que essas palavras desse Padre do século IV _ comentou Bento XVI _ são
de uma atualidade surpreendente (…) Quantos são hoje, essas "algumas pessoas" que,
induzidas ao engano pelo ateísmo, pensam que tudo seria desprovido de ordem, como
se estivesse à mercê do acaso. O Senhor, com a Sagrada Escritura, desperta a razão
que dorme, e nos diz que, no início, existia a Palavra criadora, a razão criadora
que tudo criou, que criou o projeto inteligente do cosmo, que é também amor. Deixemo-nos
despertar por essa Palavra de Deus, rezemos a fim de que ela ilumine também a nossa
mente, para perceber a mensagem da Criação inscrita no nosso coração: que o princípio
de tudo é a razão criadora, que é amor e bondade. A sua misericórdia permanece para
sempre." (RL)