2005-11-08 18:51:36

RESTITUIÇÃO DO CENÁCULO DE JERUSALÉM AOS CATÓLICOS SUSCITA POLÊMICAS


Tel Aviv, 08 nov (RV) - Está suscitando polêmicas a hipótese da passagem da sala do Cenáculo, de Jerusalém, para o controle do Vaticano, evocada nas últimas semanas, em vista da visita do presidente Moshé Katsav ao Vaticano, nos próximos dias, e divulgada por alguns órgãos da imprensa européia e israelense.

A questão vem sendo tratada há muitos anos, entre a Santa Sé e o governo de Tel Aviv, e nos ambientes da Igreja, é forte a esperança de que esse acordo possa ser feito antes mesmo da visita de Katsav. O Presidente israelense estará em Roma de 15 a 17 de novembro. Durante sua permanência na capital italiana, deverá se encontrar com Bento XVI.

O jornal "Haaretz" informou, nesta segunda-feira, que alguns jornais europeus falaram, nas últimas semanas, de um possível acordo que estipularia uma troca entre a sala do Cenáculo de Jerusalém e uma antiga sinagoga de Toledo, sucessivamente transformada em templo católico. Uma proposta de restituição do Cenáculo _ lugar muito importante para a Igreja Católica _ teria sido feita, há muito tempo, pelo Vaticano.

Mas a notícia de um acordo não foi confirmada pelo governo israelense. "Não é uma questão atual, não há nada de novo sobre esse assunto" _ precisou ontem, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, segundo o qual "o Presidente Katsav não firmará, no Vaticano, nenhum acordo".

Categórico foi também o comentário do conselheiro diplomático de Katsav, que acompanhará o Presidente a Roma, Avi Granot: "É uma notícia absolutamente sem fundamento" _ disse à agência de notícias ANSA.

O fato é que a mera hipótese de uma futura "restituição" do Cenáculo à Igreja Católica já suscita polêmicas.

No edifício onde está a sala do Cenáculo, construído no lugar onde, segundo a tradição cristã, Jesus celebrou a Última Ceia com os apóstolos, e instituiu a Eucaristia, se cruzam de fato, como nos diversos outros lugares da Cidade Antiga de Jerusalém, interesses religiosos contrastantes.

Em 1523, os frades franciscanos, custódios da Terra Santa, foram expulsos do Cenáculo, pelos otomanos, que assumiram o controle do palácio e transformaram a sala do Cenáculo em mesquita. Desde 1948, o lugar é de propriedade do Estado de Israel. A sala do Cenáculo se encontra no segundo andar, enquanto no andar térreo, segundo a tradição judaica, se encontra o "túmulo do rei Davi", objeto de veneração diária por parte de centenas de fiéis judeus.

Os boatos sobre uma possível restituição do Cenáculo à Santa Sé e aos franciscanos, que se consideram seus legítimos proprietários, suscitaram forte oposição, refere o jornal "Haaretz", nos ambientes religiosos nacionalistas judeus do Monte Sião.

A Yeshiva (escola religiosa) da Diáspora, que ocupa diversos edifícios adjacentes, pediu, neste domingo, ao Premier Ariel Sharon, que intervenha para "evitar que o túmulo de Davi caia nas mãos dos cristãos".

"Transformar o Cenáculo em uma igreja seria "desconsagrar" a santidade do túmulo de Davi" _ escreveu ao Premier, o rabino Shmuel Berkovitz, citado pelo jornal "Haaretz". Outro rabino, Mordechai Goldstein, escreveu ao Prefeito de Jerusalém, Uri Lupolianski, advertindo que as "Yeshivas" existentes na área se oporão com todas as suas forças a um acordo com o Vaticano. (MZ)







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