2005-11-07 12:41:44

Igreja ponto luminoso para os homens: mensagem de Bento XVI para o Congresso Internacional para a Nova Evangelização em Lisboa


Venerado Irmão
D. JOSÉ DA CRUZ POLICARPO
Cardeal-Patriarca de Lisboa

É-me grato corresponder à solicitação que me fez para que o Sucessor de Pedro dirija uma palavra à terceira sessão do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, que se faz missão em Lisboa de 5 a 13 de Novembro de 2005, levando-lhe o anúncio de Cristo Vivo, proposta de vida e de amor para aqueles que O seguem.

É um motivo de particular alegria para mim ver as Igrejas locais de Viena, Paris, Lisboa, Bruxelas e Budapeste trabalharem de mãos dadas para causa tão nobre e animadora, como esta que nos envolve a todos: a nova evangelização. De facto, esta iniciativa pastoral nasceu do desejo de encontrar caminhos novos para proclamar de modo também novo a mensagem antiga da revelação cristã à sociedade actual, a fim de que não renegue as raízes cristãs sobre as quais se ergueu, e não renuncie ao autêntico humanismo do Evangelho de Cristo. Com fraternal amizade, trocais entre vós os dons recebidos do espírito e encorajai-vos mutuamente a anunciar Cristo e a levar a sua mensagem a um mundo que se apresenta hoje turvado e inquieto, inconsciente e indiferente. Na realidade, embora as vossas cidades revelem, por todo o lado, a multiforme presença e a benéfica influência da fé cristã sobre as vicissitudes da sua história, todavia vive nelas muita gente que não sente ainda no coração a alegria e a beleza da fé. Ora, para um Pastor não é indiferente ver tantas pessoas que vivem em semelhante deserto espiritual; antes sente crescer nele uma santa inquietude por oferecer-lhes a salvação – a única que permanece eternamente. Unidos e cheios de esperança, saí pela cidade, preocupados apenas com proclamar a todos a presença viva de Cristo.

A Igreja é um ponto luminoso para os homens. Por ocasião das exéquias do nosso amado Papa João Paulo II, vieram reunir-se ao redor dos seus restos mortais, jacentes no pavimento frio, os chefes das nações e inúmeras pessoas de todas as idades e posições sociais, num inesquecível abraço de afecto e admiração. O mundo inteiro olhou para ele cheio de confiança. A muitos pareceu que aquela intensa participação, alargada até aos confins da terra pelos meios de comunicação social, era uma espécie de pedido unânime de ajuda, dirigido ao Papa pela humanidade actual que, perturbada por incertezas e temores, se interroga sobre o seu futuro. Com ousadia, simplicidade e afecto, façamos-lhe saber que a Igreja traz consigo o futuro do mundo, e aponta a cada homem e mulher a estrada para esse futuro. Sabemos que o futuro do homem é Deus, Deus com um rosto humano – o rosto de Jesus Cristo –, um Deus que reconcilia, que vence o ódio e dá a força da paz que ninguém mais pode dar. Só quando encontramos em Cristo o Deus vivo, reconhecemos o que é a vida. A Igreja existe para revelar Deus aos homens. E só onde se vê Deus, começa verdadeiramente a vida.

As vossas Igrejas locais vivem do dom da carne e do sangue de Cristo, pelo qual Ele nos quer transformar e fazer semelhantes a Si mesmo. Estão vivas, porque Cristo está vivo nelas, e por elas quer comunicar a todos a vida, e vida em abundância. Para isso, conta com a densa rede de paróquias em que primariamente se estruturam, devendo estas, assumir um comportamento mais missionário na pastoral quotidiana, e abrir-se a uma colaboração mais intensa com todas as forças vivas de que a Igreja hoje dispõe. Nomeadamente, é muito importante que se reforce a comunhão entre as estruturas paroquiais e as várias realidades «carismáticas», largamente presentes nas vossas cidades, a fim de que a missão possa atingir todos os ambientes de vida. Queiram os Santos Patronos de vossas Igrejas e quantos delas subiram ao Céu, obter para os Pastores e todo o povo de Deus a alegria de anunciar e testemunhar a Boa Nova de Cristo Salvador. Sob a materna protecção de Maria, Mãe da Igreja, convido-vos a caminhar dóceis e obedientes à voz do seu divino Filho Nosso Senhor Jesus Cristo.

Aos meus Irmãos e Irmãs congregados nestes dias em Lisboa e que aderiram à proposta amorosa de Cristo Senhor pela força do seu Espírito que o Pai celeste lhes dá sem medida, chegue a minha saudação e a minha bênção carregada de afecto e esperança. Que se realize a firme vontade que têm de dar a conhecer Cristo Vivo a um mundo que ainda O ignora ou voluntariamente O nega. Sobre a missão lisbonense que – animados – estão para iniciar, imploro do Alto o dom da coragem e, depois, à medida que forem avançando, o dom da perseverança.

Senhor Jesus, foi por vós que as barcas das Igrejas particulares de Viena, Paris, Lisboa, Bruxelas e Budapeste içaram as velas da sua fé e confiança. Dignai-Vos impelilas com o sopro do vosso Espírito pelo sulco do anúncio e proclamação em que estão empenhadas no vasto mar dos homens deste tempo. Ámen.

Vaticano, 25 de Outubro de 2005
Benedictus PP. XVI







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