Bento XVI esperançado no avanço do diálogo com os luteranos
Espero que o futuro progresso do nosso diálogo não se coloque apenas num contexto
de questões institucionais, mas que tenha em consideração a verdadeira fonte do ministério
da Igreja. Foi o que afirmou Bento XVI recebendo esta manhã em audiência no Vaticano
o Rev.do Mark Hanson bispo presidente da federação luterana mundial, acompanhado por
uma delegação.Bento XVI recordou os contactos estreitos e o intenso dialogo ecuménico
que dura desde há anos entre a Igreja Católica e a Federação Luterana Mundial, citando
como marco miliar significativo no nosso caminho comum para a plena e visível unidade,
a declaração conjunta sobre a doutrina da justificação, acerca de um dos temas centrais
das diferenças teológicas entre católicos e luteranos ( a justificação é aquilo que
motiva a salvação: apenas a fé para os protestantes, a fé e as obras para os católicos).
Diferenças que permanecem - sublinhou Bento XVI – e que devemos aceitar.
O esforço que se deve fazer, segundo o Papa, é ligar o diálogo comum ás mesmas fontes
do mistério da Igreja, cuja missão - acrescentou – é testemunhar a verdade de Jesus
Cristo, o Verbo Incarnado.
Num momento em que a Igreja Católica e a Federação Luterana Mundial trabalham na redacção
de um documento comum sobre a Apostolicidade da Igreja e a sucessão apostólica, Bento
XVI lembra que “o nosso diálogo fraterno é desafiado, não só pela necessidade de verificar
a recepção destas fórmulas conjuntas de doutrina nas nossas respectivas comunhões,
mas também – e cada vez mais, nos nossos dias – pelo clima geral de incerteza no que
diz respeito às verdades cristãs e aos princípios éticos que nunca foram questionados
antes”.
“O nosso caminho ecuménico em conjunto continuará a encontrar dificuldades e exigirá
um diálogo paciente, mas sou muito encorajado pela sólida tradição de estudo sério
e de partilha que tem caracterizado as relações Católico-Luteranas ao longo dos anos”,
assinalou.
O Papa agradeceu ainda a presença de uma delegação da Federação Luterana Mundial no
funeral de João Paulo II e na solene inauguração do seu próprio ministério como Bispo
de Roma.
Para o Bispo Mark Hanson, as relações entre as duas Igrejas “devem abrir-se e fundamentar-se,
cada vez mais, na confiança”. “Bento XVI sublinhou que o serviço à unidade de toda
a Igreja cristã será uma das suas principais prioridades e a Federação Luterana Mundial
não vê a hora de dar passos substanciais nesta visão ecuménica”, refere em comunicado.