30 milhões de armas ligeiras a circular ilegalmente em África: o problema vai ser
debatido em Kinshasa.
Um dos dramas esquecidos da África é a difusão das armas ligeiras de baixo calibre,
que alimentam guerras, guerrilhas e banditismo, sendo este último fenómeno cada vez
mais difundido em diversos países do continente.
Uma das regiões mais atingidas pelo fenómeno é a dos Grandes Lagos, teatro de crimes
como o genocídio ruandês (1994), a guerra civil do Burundi (1993-2003, com algumas
regiões do país ainda inseguras), e as 2 guerras civis na República Democrática do
Congo (1996-97 e 1998-2003, com sinais inquietantes de retoma das hostilidades em
larga escala).
O tributo de sangue pago pelos habitantes desta região é altíssimo: pelo menos 5 milhões
de mortos em menos de 15 anos.
Para discutir o problema da proliferação das armas ligeiras e de baixo calibre na
região dos Grandes Lagos, parlamentares do Burundi, Ruanda e República Democrática
do Congo reúnem-se de 9 a 11 de Novembro em Kinshasa, capital da República Democrática
do Congo. O encontro é organizado pelos governos dos três países africanos, e é apoiado
financeiramente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela
Bélgica.
Os parlamentares deverão discutir em particular a harmonização das leis que, nos respectivos
Estados, regulam a posse de armas, a fim de criar um sistema de controlo comum da
circulação dessas armas na região.
Ao lado dos parlamentares, haverá alguns especialistas enviados pela ONU e por alguns
países ocidentais.
Segundo a Agência católica congolesa DIA, que divulgou a notícia, a reunião é um evento
muito importante, porque até há pouco tempo atrás havia um profunda tensão entre os
três países. Agora, representantes dos respectivos parlamentos nacionais sentam-se
à mesma mesa para resolver o dramático problema da proliferação das armas ligeiras,
que é comum a todos os Estados da região.
Recentemente, organizações humanitárias internacionais denunciaram os contínuos fluxos
de armas leves que chegam à região dos Grandes Lagos provenientes de diversas partes
do mundo, em especial da Europa oriental. O problema não é, portanto, somente africano,
mas envolve a responsabilidade de toda a comunidade internacional.
Segundo números das organizações de direitos humanos, somente na República Democrática
do Congo existem ilegalmente em circulação pelo menos 500 mil armas de fogo. Em toda
a África, este número chega a 30 milhões.