"NUNCA MAIS O HOLOCAUSTO": DOM MIGLIORE SAÚDA RESOLUÇÃO DA ONU PARA RECORDAR A "SHOAH"
Nova York, 02 nov (RV) - "Que a memória do Holocausto seja preservada em todo
Estado, como compromisso para evitar às novas gerações, tal terror." Com essas palavras
o Arcebispo Dom Celestino Migliore, Observador Permanente da Santa Sé na ONU, saudou
a aprovação, ontem à tarde, por parte da Assembléia Geral das NN. UU. do dia em recordação
do Holocausto, que será celebrado, anualmente, em 27 de janeiro.
"Que o Holocausto
nos sirva de advertência a não deixar nascer ideologias que justificam o desprezo
pela dignidade humana com base na raça, cor da pele, língua ou religião" _ foi a veemente
advertência de Dom Celestino Migliore que, em seu discurso, ressaltou que, infelizmente,
o Holocausto não serviu de lição e não impediu que o século passado fosse testemunha
de genocídios, limpezas étnicas e assassinatos em massa.
"É preciso reforçar
nosso compromisso comum, a fim de que, tendo dado um nome a esse crime, as nações
do mundo sejam capazes de reconhecê-lo por aquilo que é, e de evitá-lo no futuro"
_ frisou o Observador da Santa Sé na ONU.
"Pedir perdão _ acrescentou ele
_ ajuda a purificar a memória." Recordar a "Shoah" nos oferece uma ocasião "para identificar
os sintomas de um possível genocídio e impedir que ele ocorra; permite-nos adotar,
em tempo, medidas decididas para superar injustiças sociais e internacionais de todo
o tipo".
Dom Migliore concluiu seu discurso, recordando a histórica visita
de João Paulo II ao mausoléu de "Yad Vashem", em Jerusalém, em março do ano 2000.
Ontem
ainda, Dom Celestino Migliore se pronunciou sobre o relatório da Agência da ONU para
os Refugiados Palestinos, reiterando a necessidade da coexistência de dois Estados
soberanos, como caminho para obter a paz entre palestinos e israelenses.
Dom
Migliore ressaltou as crescentes dificuldades em que vivem os palestinos de fé cristã,
"por vezes olhados com despeito pelos próprios vizinhos", obrigados a viver em condições
de isolamento.
A seguir, detendo-se sobre a construção do muro de segurança
israelense, expressou preocupação por suas conseqüências para a vida dos palestinos.
A Santa Sé, explicou ele, "reconhece o direito de todo povo, de viver em paz e segurança;
por outro lado, está convencida de que a Terra Santa tem mais necessidade de pontes
do que de muros". O prelado reiterou que é tempo de trabalhar pelo "nascimento de
dois Estados, um ao lado do outro, que se respeitem reciprocamente".
Lamentando
o elevado número de vítimas inocentes, o Observador Permanente da Santa Sé na ONU
ressaltou que "somente com uma paz duradoura e negociada" serão "legitimadas as aspirações
de todos os povos da Terra Santa".
Dom Migliore concluiu seu pronunciamento
com um auspício de Bento XVI, a fim de que Jerusalém possa, um dia, ser "a casa da
harmonia e da paz" para todos os fiéis. (RL)