Katmandu, 03 nov (RV) - Às 6h da manhã de 17 de fevereiro de 2004, as forças
de segurança nepalesas chegaram, segundo relatórios, à casa de uma menina de 15 anos:
Maina Sunuwar. Perguntaram por sua mãe, Devi Sunuwar, que havia sido testemunha do
homicídio de uma jovem. A mulher não estava em casa e os policiais decidiram levar
consigo a menina.
A partir daí, a família não soube mais nada de Maina, até
dois meses depois, quando um jornal do Nepal publicou uma carta atribuída a soldados
anônimos. Nela se dizia que Maina havia morrido em conseqüência de torturas, tais
como, descargas elétricas nos seios, entre outras brutalidades.
Um ano depois,
em março de 2005, o exército admitiu publicamente que a morte de Maina havia sido
um "erro". Em setembro passado, uma Corte Marcial decidiu que os três oficiais do
exército envolvidos na prisão de Maina não haviam seguido o "procedimento correto".
Os oficiais foram condenados a seis meses de reclusão e a uma multa, mas foram postos
em liberdade imediatamente, porque já haviam transcorrido esses seis meses confinados
em seus quartéis à espera do julgamento.
A investigação e o processo da Corte
Marcial foram sumários, por isso a família da garota recorreu da sentença. A morte
de Maina deve ser objeto de uma investigação aberta e imparcial, e seus autores devem
ser processados em tribunais civis.
A legislação antiterrorista do governo
de Nepal não cumpre as normas internacionais de direitos humanos: não inclui uma idade
mínima para que uma pessoa possa ser detida. O Partido Comunista de Nepal, responsável
pelo conflito armado interno do país, é também responsável de graves abusos contra
os direitos humanos. (MZ)