SANTA SÉ BUSCA FONTE DAS REVELAÇÕES INDEVIDAS SOBRE O CONCLAVE QUE ELEGEU BENTO XVI
Roma, 02 nov - (RV) - "A Santa Sé considerou seriamente, a hipótese de percorrer
as vias legais, contra a revista "Limes", para obrigá-la a revelar a fonte ou as fontes
que deram origem ao artigo "Assim elegemos Papa Ratzinger", que revela detalhes
dos trabalhos do conclave que elegeu o sucessor de João Paulo II.
Depois,
levando em conta todas as possíveis repercussões negativas de tal gesto, a cúpula
da Cúria romana e a sabedoria de Bento XVI decidiram deixar o fato cair no esquecimento.
A
revelação do episódio é do jornal italiano "La Stampa", ressaltando que a eleição
do Cardeal Ratzinger à cátedra de Pedro, era mais do que prevista, mesmo antes do
falecimento de João Paulo II.
"Todas as investigações, por quanto possam ser
secretas, no final vêm à tona" _ afirma o jornal de Turim, norte da Itália. O diário
não exclui que, neste exato momento, esteja em curso uma investigação silenciosa e
discreta, nos meios vaticanos, para se apurar quem teria feito as revelações sobre
os trabalhos do conclave, ainda que, oficialmente, se tenha decidido deixar o fato
cair no esquecimento.
"Parece quase seguro _ afirma "La Stampa" _ que os dados
fornecidos por tais fontes correspondam à verdade: Bento XVI teria sido, efetivamente,
eleito no quarto escrutínio, com 84 votos a seu favor, seguido do Cardeal Bergoglio,
de Buenos Aires, com apenas 26 votos.
O jornal questiona quais as razões dessa
"fuga de notícias" a cinco meses do conclave, e oferece algumas hipóteses de resposta,
entre elas, a da existência de um forte grupo de cardeais que não estava de acordo
com a eleição de Joseph Ratzinger e que deseja que isso seja do conhecimento público.
"La
Stampa" considera ainda a possibilidade de que tais revelações possam ser uma tentativa
de condicionar as futuras decisões do Pontífice, argumentando, para tanto, o "desequilíbrio
de forças" na Cúria romana, onde a América Latina _ subcontinente onde vive mais da
metade dos católicos do mundo _ se acha escassamente representada. O diário italiano
aponta, de modo particular o Brasil, "que não tem sequer um cardeal em Roma".
O
jornal conclui o artigo, revelando que circulam vozes de que o Cardeal-arcebispo de
Buenos Aires, Jorge Maria Bergoglio, estaria para ser chamado, "ainda que contra a
sua vontade", para ocupar um importante cargo na Cúria romana. (AF)