GOVERNO E EPISCOPADO VENEZUELANOS PROSSEGUEM NO PROCESSO DE REAPROXIMAÇÃO
Caracas, 02 nov (RV) - O governo venezuelano e a Igreja Católica concordaram
ontem, em prosseguir no percurso de reaproximação e de busca de um entendimento, segundo
informações do Arcebispo designado de Caracas, Dom Jorge Liberato Urosa Savino
"Houve
momentos de dificuldades, mas a atitude do governo, assim como a nossa, é a de continuar
buscando um entendimento, para o bem do povo" _ declarou o Arcebispo, após seu primeiro
encontro oficial _ que durou mais de duas horas, no Palácio Miraflores _ com o Presidente
Hugo Chávez.
Dom Urosa Savino, de 63 anos, foi designado Arcebispo de Caracas
no dia 19 de setembro passado, e tomará posse do governo pastoral da Arquidiocese,
no próximo sábado, em cerimônia oficial a ser oficiada na capital venezuelana.
As
dificuldades entre o Episcopado e o governo Chávez remontam a 1998, época em que o
atual Presidente era apenas candidato à chefia da Nação.
As tensões se tornaram
mais fortes após o golpe de Estado de abril de 2002, que derrocou Chávez durante 48
horas. Na ocasião, o falecido Cardeal Ignácio Velasco, então Primaz da Igreja na Venezuela,
avalizou com sua assinatura, o decreto do autoproclamado Presidente Pedro Carmona,
que abolia as instituições democráticas venezuelanas.
Dom Urosa Savino explicou
aos jornalistas que, em seu encontro com o Presidente Chávez, expôs o interesse da
Igreja Católica em participar dos programas sociais do governo. Ele precisou que "ainda
que não tenha pleiteado de maneira concreta" a possibilidade de um trabalho conjunto
entre Episcopado e governo, deixou clara a disponibilidade da Igreja nesse sentido.
Em
relação à atitude de frontal oposição ao governo chavista, assumida pelo Cardeal Rosalio
José Castillo Lara, Dom Urosa Savino preferiu "não opinar", afirmando que se trata
de "uma atitude pessoal" do purpurado.
O Cardeal Castillo Lara exortou a oposição
a usar a via constitucional da "desobediência civil" para derrubar o governo Chávez,
qualificando o Presidente de "ditador" e afirmando que ele deveria ser submetido a
um "exorcismo". (AF)