PRIMEIRO CONGRESSO INTERNACIONAL DO FEMINISMO ISLÂMICO
Barcelona, 31 out (RV) - O I Congresso Internacional do Feminismo Islâmico,
realizado em Barcelona, de 27 a 29 de outubro, denunciou, em suas conclusões, as interpretações
"machistas" do Alcorão, e afirmou que o Islã pode "libertar" as mulheres.
"O
Islã pode libertar as mulheres e mudar seu estado atual. Para tanto, precisa abrir
as partas do "iytihad" (esforço interpretativo), levando em conta o contexto da sociedade
do século XXI" _ afirmou em suas conclusões o congresso, organizado por iniciativa
de uma associação muçulmana espanhola: a Junta Islâmica da Catalunha.
"O feminismo
islâmico é uma realidade emergente, precisa ser visto como alternativa às leituras
machistas dominantes" _ afirma o documento final.
As conclusões sublinham
que esse feminismo "deriva da revelação corânica e parte da convicção de que o Alcorão
não justifica o patriarcado".
Um dos momentos fortes do congresso, do qual
participaram 400 pessoas, foi quando Amina Wadud, professora de estudos islâmicos
nos Estados Unidos, pronunciou a "jutba" (o sermão da sexta-feira) e dirigiu a oração
diante de um público formado por mulheres e homens.
Amina Wadud ficara famosa
quando, em março passado, dirigira a oração diante de um público misto, em Manhattan,
NY, numa igreja episcopal que a acolhera depois que três mesquitas a haviam rejeitado.
Especialistas
de quinze países, como a malaia Zainah Anwar da associação "Irmãs no Islã", ou a iraniana
Valentine Moghadma, Diretora da Secção para a Igualdade e a Luta contra a Discriminação,
da UNESCO (Organização das NN. UU. para a Educação, a Ciência e a Cultura) participaram
do encontro, promovido pelo Instituto da Mulher, do Ministério do Trabalho e dos Assuntos
Sociais espanhol e pelo governo catalão.
As mulheres que participaram do congresso
lançaram um apelo para "ajudar a transformar as leis discriminatórias contra as mulheres",
e "em favor do acesso às mesquitas, como um direito das mulheres muçulmanas". (MZ)