APRESENTADA MENSAGEM DO PAPA PARA O DIA MUNDIAL DO MIGRANTE-2006
Cidade do Vaticano, 28 out (RV) - Foi apresentada esta manhã, na Sala de Imprensa
da Santa Sé, a mensagem do Papa para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.
A
imigração é um fenômeno que se tornou estável e contínuo, e que atinge todas as sociedades.
E há ainda os seus desvios _ o tráfico de seres humanos, a exploração das mulheres
chegando até à prostituição _ que exigem, especialmente dos cristãos, uma atitude
de pronta solidariedade e de generoso acolhimento, com a Igreja na linha de frente,
no oferecer todo o apoio pastoral necessário.
É a leitura que Bento XVI dá,
ao atual cenário migratório, em sua mensagem para o 92º Dia Mundial do Migrante e
do Refugiado, que será celebrado no dia 15 de janeiro de 2006.
A globalização
tornou a imigração "estrutural" no mundo do século XXI e mudou a sua face. No século
passado, a imigração era prevalentemente "masculina" e induzida, sobretudo, pela necessidade
econômica. Hoje, não somente a pobreza, mas também os tantos conflitos que ensangüentam
o Planeta _ assim como a exigência de estudo e de formação cultural em lugares que
os oferecem com melhor qualidade _ levam massas de homens, mulheres e jovens a tentar
a sorte distante do próprio país.
E existe um fato novo: são sempre mais as
mulheres que emigram sozinhas, tornando-se, em muitos casos, "a fonte principal de
renda" para a família deixada para trás. Embora, no caso delas, os abusos sejam constantes.
Em
sua mensagem, Bento XVI define as migrações como um daqueles "sinais dos tempos" aos
quais, 40 anos atrás, o Concílio Vaticano II convidou a Igreja a olhar com grande
atenção e que _ para além de seu efeito de custos humanos e sociais _ comumente apresentam
aspectos positivos. Aspectos que a Igreja se esforça para perceber e valorizar, como
explicou, esta manhã, na Sala de Imprensa da Santa Sé, o Cardeal Stephen Fumio Hamao,
Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes.
"A
presente mensagem de Bento XVI, em continuidade conciliar, convida, sobretudo, em
chave positiva _ disse o Cardeal Fumio Hamao _ a ver as migrações como uma oportunidade,
quase um desafio. De fato, as migrações "favorecem o conhecimento recíproco e são
ocasião de diálogo e comunhão, como também de integração em vários níveis" (…) Instrumento
na passagem das sociedades monoculturais a sociedades multiétnicas e interculturais,
as migrações podem ser consideradas como "sinal da viva presença de Deus na história
e na comunidade dos homens", porque oferecem uma oportunidade providencial para realizar
o plano de Deus de uma comunhão universal."
No texto, o Pontífice se detém
sobre o caleidoscópio do fenômeno migratório no século XXI. Esse fenômeno _ escreve
o Papa _ compreende "as migrações quer internas, quer internacionais, as migrações
forçadas e as voluntárias, as migrações legais e as ilegais, sujeitas também à chaga
do tráfico de seres humanos", além da categoria em crescimento, de estudantes no exterior.
Entre
esses aspectos, Bento XVI fala inicialmente, sua mensagem, sobre a tendência a "feminizar"
a migração, que vê hoje, mulheres que se deslocam autonomamente, para encontrar um
trabalho, quase sempre _ observa o Papa _ em "setores que oferecem baixos salários",
como o do trabalho doméstico.
O primeiro apelo do Pontífice, portanto, é dirigido
aos cristãos, chamados _ afirma _ "a dar prova de seu empenho pelo justo tratamento
da mulher imigrante, pelo respeito de sua feminilidade e pelo reconhecimento da igualdade
de seus direitos".
Mas ser mulher e migrante quer dizer, muitas vezes, ser
obrigada a sofrer violações da própria dignidade. Bento XVI denuncia claramente _
no âmbito da dramática chaga do tráfico de seres humanos _ a condição particular de
mulheres e jovens destinadas, uma vez tendo chegado ao países que as acolhem, "a ser
depois exploradas no trabalho, quase como escravas, e não raramente também à indústria
do sexo".
Ao condenar, com palavras de João Paulo II, a "difusa cultura hedonista
e mercantil" que está por trás dessa situação, Bento XVI chama os fiéis novamente
em causa: "Está ai _ afirma ele _ todo um programa de redenção e de libertação do
qual os cristãos não podem esquivar-se." (RL)