O Vaticano vai assinalar esta quinta-feira o 40º aniversário da declaração “Nostra
Aetate”, do II Concílio do Vaticano, com a presença de uma delegação judaica. Esta
presença é uma forma de reconhecimento pelo caminho de “mútuo conhecimento, compreensão
e diálogo” percorrido desde então.
O Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos
e da Comissão para as Relações Religiosas com o Judaísmo, disse aos jornalistas que
este aniversário será assinalado com um colóquio promovido pelo seu Dicastério. Na
iniciativa tomarão a palavra o Cardeal francês de origem judaica, D. Jean-Marie Lustiger,
e o Rabino norte-americano David Rosen, do “American jewish commitee”, para traçar
as etapas de um diálogo que Bento XVI tem procurado aprofundar desde o início do seu
pontificado.
O Catecismo da Igreja Católica afirma que “a Igreja reconhece nas outras religiões
a busca, ainda que em sombras e sob imagens”, do Deus desconhecido, mas próximo, pois
é Ele que a todos dá vida” (n. 843).
No Concílio Vaticano II ficou explícito o reconhecimento e valorização de tudo aquilo
que é positivo nas várias religiões. O Concílio falou da presença, nessas religiões,
de “uma centelha daquela verdade que ilumina todos os homens” (Nostra aetate 2), “sementes
da Palavra” e “riquezas que Deus generoso distribui pelas pessoas” (Ad gentes 11).
Para o Judaísmo esta mudança foi ainda mais radical, colocando um ponto final a séculos
de confrontos entre o mundo católico e o mundo hebraico, e condenando de forma veemente
qualquer forma de anti-semitismo.
Presente no Vaticano estará, pela primeira vez, o presidente de Israel, Moshe Katzav,
num encontro que pretende reforçar a cooperação entre o Vaticano e o Estado hebraico.
Bento XVI, que já visitou uma Sinagoga (em Colónia) e recebeu vários representantes
do mundo judaico, tem dado mostras de querer continuar no caminho percorrido pelo
seu predecessor. João Paulo II foi o primeiro Papa a visitar uma Sinagoga, em 13 de
Abril de 1986, além de ter estabelecido relações diplomáticas com Israel e pedido
perdão pelos actos de anti-semitismo cometidos pelos católicos na história.
No mesmo dia 27 de Outubro assinalam-se 19 anos sobre o histórico encontro de oração
pela paz que juntou em Assis representantes das Religiões de todo o mundo, a convite
de João Paulo II.