Bispo responsável por Melilla critica medidas tomadas pelo governo espanhol
O Bispo de Málaga, Diocese responsável pelo enclave de Melilla, criticou duramente
as medidas tomadas pelo governo espanhol em relação aos imigrantes subsaarianos que
chegam a Espanha pela fronteira marroquina”.
“A decisão de devolver os imigrantes às autoridades de Marrocos é um erro, pode é
uma maneira fácil de passar para os nosso vizinhos uma situação de emergência que
nos diz respeito”, afirma D. Antonio Dorado, em declarações à agência Veritas.
O prelado pediu às autoridades do seu país que procurem “uma saída digna e humanitária”
para todos os imigrantes que chegaram à Espanha, lembrando que “antes de sermos nigerianos,
camaroneses, congoleses ou espanhóis, somos pessoas, filhos de Deus, e temos uma dignidade
inviolável”.
D. Antonio Dorado deixa uma chamada de atenção aos organismo internacionais, assinalando
que alguém deve assumir a responsabilidade “por todos os que se encontram à espera
de cruzar as fronteiras de Espanha e Marrocos, porque está em jogo a sua vida e a
sua dignidade de homens livres”.
Os problemas nos enclaves espanhóis de Melilla e Ceuta foram abordados em Fátima,
pelo Cardeal-Arcebispo de Sevilha, D. Carlos Amigo Vallejo, que presidiu à Peregrinação
Internacional de Outubro. O Cardeal, que foi durante anos Arcebispo de Tânger, disse
aos jornalistas que, para resolver o problema, "a primeira coisa a fazer é tirar todas
as muralhas e construir muitas pontes".
"Temos de contribuir para que haja bem-estar" nos países do norte de África, "para
que as pessoas tenham conforto e desenvolvimento e não tenham de sair de suas casas",
disse D. Carlos Amigo Vallejo.
Posteriormente, o Fórum de Organizações Católicas para a Imigração (FORCIM) escreveu
uma mensagem, publicada pela Agência ECCLESIA,( da conferência episcopal portuguesa)
sobre a “continuada e vergonhosa situação de 'crise humanitária' nas fronteiras europeias
de Ceuta e Melilla”.
“A Europa, através das suas políticas migratórias securitárias e socialmente minimalistas,
tem vindo a tornar, desde há anos, o Mediterrâneo num ‘mar de morte’ e ‘deserto de
suplício’ para os imigrantes e refugiados da vizinha África”, acusa o FORCIM.
As organizações católicas asseguram que “situações destas continuarão a acontecer
nos próximos meses, se a Europa, em contexto global e de acelerada mundialização das
migrações, não se responsabilizar concreta e ‘comunitariamente’ pelo combate às raízes
subjacentes à crescente irregularidade dos fluxos migratórios, através de uma urgente
gestão da imigração legal, de forma ordenada, humana e participada bilateral e multilateralmente”.