No dia 19 de Abri passado, ao final da tarde, os Cardeais eleitores escolhiam o Cardeal
Joseph Ratzinger para suceder a João Paulo II; Bento XVI cumpre portanto hoje 6 meses
de pontificado
O primeiro livro do novo Papa tem um título significativo: “A Revolução de Deus”.
Essa parece, de facto, ser a primeira marca do seu pontificado.
Como refere D. Manuel Clemente, Bispo Auxiliar de Lisboa, no prefácio à edição portuguesa
daquele livro, “Bento XVI começa o seu pontificado com a mesma convicção de toda a
vida: a pessoa humana-divina de Cristo é a substância do Cristianismo, como novidade
e anúncio, irredutível a qualquer preconceito ou manipulação”.
A luta contra a “ditadura do relativismo” tem sido a bandeira destes meses, nos quais
o Papa se adaptou à missão de ser o líder de mais de mil milhões de pessoas em todo
o mundo. A crescente globalização abre problemas novos, na relação com o mundo e na
definição da Igreja: colegialidade, prática litúrgica, ministério da presidência,
questões éticas, doutrina social, pastoral familiar, produção teológica, tudo o que
se conseguir pensar sobre as comunidades eclesiais.
Os constantes conflitos internacionais e as desigualdades no campo socio-económico
são ainda outro desafio, depois de João Paulo II ter feito da Igreja uma referência
moral nesse campo, mesmo em países não católicos.
A missão da Igreja, no fundo, é só uma: a Evangelização. Recristianizar os ambientes
do homem e da mulher dos nossos dias é uma prioridade incontornável.
Internamente, a reorganização da Cúria Romana e a redefinição das suas relações com
as Igrejas locais é urgente, admitindo-se que o mesmo venha a ser feito nos próximos
tempos.
O Sínodo dos Bispos, que se concluirá já no próximo domingo mostrou o Papa como mais
um dos padres sinodais, como que a querer reforçar a dimensão da sinodalidade dos
Bispos – que muitos defendem estar a perder o lugar que tinha logo após o II Concílio
do Vaticano. Dos trabalhos sinodais fica claro que nenhuma “revolução doutrinal” terá
lugar na Igreja, sem que esta deixe de estar atenta aos sinais dos tempos.
O Papa continuou, desde logo, e quer continuar a trabalhar em favor da unidade dos
cristãos e no diálogo com as outras religiões, de forma a encontrar bases comuns para
a paz.
Questões como o lugar do Cristianismo na Europa, o secularismo, a fome e as desigualdades
sociais, as catástrofes da humanidade, o terrorismo e as relações diplomáticas (um
olhar especial para a China e a Rússia) têm marcado este arranque de pontificado,
que tem como grande momento, até agora, o encontro com centenas de milhares de jovens
na Jornada Mundial da Juventude, em Colónia.