Bispo de Bafatá pede aposta educativa na Guiné-Bissau
O Bispo de Bafatá (Guiné-Bissau) deslocou-se à Fundação Evangelização e Culturas (FEC),
na sua última visita a Portugal, para uma reunião com o objectivo de definir as linhas
estratégicas de intervenção em 2006.
Numa conversa informal, falou-se sobre a acção da Igreja na cooperação, nomeadamente
em países instáveis política e socialmente como é o caso da Guiné-Bissau. Na opinião
de D. Pedro Zilli, a Igreja é uma instituição que está sempre presente nos momentos
bons e nos difíceis, cuja identidade se define claramente pelo anúncio do Evangelho.
Foi sublinhada a questão do diálogo inter-religioso que, para o Bispo de Bafatá, é
extremamente importante na sociedade guineense onde a religião católica tem uma percentagem
muita reduzida. Neste sentido, considera-se que o diálogo entre as diferentes religiões
presentes naquele país são o caminho para a busca da paz, procurando incutir a esperança
e descobrir o que o país e o povo têm de bonito, o que acentua a não existência de
conflito religioso.
D. Pedro Zilli acrescentou outro factor relativamente à importância da acção da Igreja
Católica na superação das crises daquele país, a escola. Isto porque, uma pessoa educada
será, à partida, um ser mais universal em termos de pensamento, «com abertura de mente
e de coração».
Educação e Saúde
Quanto à relação que a Igreja procura estabelecer com o Estado para a (re)construção
dos sectores da educação e da saúde da Guiné-Bissau, o Bispo explicou que nas duas
dioceses, Bafatá e Bissau, existem alunos que estudam em escolas privadas, outros
em escolas de auto-gestão, em que o Estado paga apenas uma parte, e depois há os alunos
bolseiros, o que se verifica nas duas universidades recentemente inauguradas em Bissau,
Universidade Amílcar Cabral (pública) e Universidade Colinas de Boé (privada). Contudo,
importa salientar que grande parte dos alunos não consegue pagar os estudos e necessita
de apoio.
No que diz respeito à área da saúde, há regiões onde o Estado não está presente ou
então está de forma muito fraca; em muitas regiões da Guiné-Bissau é o dispensário
das Irmãs que dá apoio à população. Dom Pedro Zilli salientou ainda três projectos,
na sua opinião, fundamentais: o Centro de Recuperação Nutricional para a infância
que visa ajudar as crianças desnutridas; a Casa das Mães, em Gabú e Bafatá no território
do hospital, onde as Irmãs prestam auxílio às grávidas de alto-risco; e a SIDA Servis
– Alerta à Vida que tem o objectivo de despertar os jovens para o flagelo da SIDA
que, em muitos casos, por iniciativa própria, vão às escolas fazer um trabalho de
prevenção, o que acaba por ter um impacto diferente.
Parceria com a Fundação
Por último, quando questionado sobre os resultados obtidos da parceria das dioceses
de Bafatá e Bissau com a FEC, o Bispo salientou que o trabalho da Fundação - a formação
de professores - tem sido muito positivo pois há muito que se nota o esforço da parte
da Igreja Católica, e de todas as organizações relacionadas, em formar professores
e não visitar as escolas apenas para ter consciência das dificuldades que existem.
O trabalho realizado nas bibliotecas também tem sido muito gratificante pois verifica-se
um maior gosto, da parte da população guineense, pela leitura e manuseamento do livro.
O programa radiofónico Igreja Lusófona é outro projecto com um papel fundamental naquela
cultura, visto a rádio ter um grande impacto junto dos africanos. Além disto, foi
salientada a importância do programa de computadores e novas tecnologias na formação
de alunos.
A terminar D. Pedro Zilli revelou o forte sentimento de amizade que nutre pela FEC
pois, mesmo não sendo fácil, tem procurado apoiar a sua presença através do diálogo
e abandono do relacionamento diplomático.