2005-10-18 14:57:16

Bispo de Bafatá pede aposta educativa na Guiné-Bissau


O Bispo de Bafatá (Guiné-Bissau) deslocou-se à Fundação Evangelização e Culturas (FEC), na sua última visita a Portugal, para uma reunião com o objectivo de definir as linhas estratégicas de intervenção em 2006.
Numa conversa informal, falou-se sobre a acção da Igreja na cooperação, nomeadamente em países instáveis política e socialmente como é o caso da Guiné-Bissau. Na opinião de D. Pedro Zilli, a Igreja é uma instituição que está sempre presente nos momentos bons e nos difíceis, cuja identidade se define claramente pelo anúncio do Evangelho.
Foi sublinhada a questão do diálogo inter-religioso que, para o Bispo de Bafatá, é extremamente importante na sociedade guineense onde a religião católica tem uma percentagem muita reduzida. Neste sentido, considera-se que o diálogo entre as diferentes religiões presentes naquele país são o caminho para a busca da paz, procurando incutir a esperança e descobrir o que o país e o povo têm de bonito, o que acentua a não existência de conflito religioso.
D. Pedro Zilli acrescentou outro factor relativamente à importância da acção da Igreja Católica na superação das crises daquele país, a escola. Isto porque, uma pessoa educada será, à partida, um ser mais universal em termos de pensamento, «com abertura de mente e de coração».

Educação e Saúde
Quanto à relação que a Igreja procura estabelecer com o Estado para a (re)construção dos sectores da educação e da saúde da Guiné-Bissau, o Bispo explicou que nas duas dioceses, Bafatá e Bissau, existem alunos que estudam em escolas privadas, outros em escolas de auto-gestão, em que o Estado paga apenas uma parte, e depois há os alunos bolseiros, o que se verifica nas duas universidades recentemente inauguradas em Bissau, Universidade Amílcar Cabral (pública) e Universidade Colinas de Boé (privada). Contudo, importa salientar que grande parte dos alunos não consegue pagar os estudos e necessita de apoio.
No que diz respeito à área da saúde, há regiões onde o Estado não está presente ou então está de forma muito fraca; em muitas regiões da Guiné-Bissau é o dispensário das Irmãs que dá apoio à população. Dom Pedro Zilli salientou ainda três projectos, na sua opinião, fundamentais: o Centro de Recuperação Nutricional para a infância que visa ajudar as crianças desnutridas; a Casa das Mães, em Gabú e Bafatá no território do hospital, onde as Irmãs prestam auxílio às grávidas de alto-risco; e a SIDA Servis – Alerta à Vida que tem o objectivo de despertar os jovens para o flagelo da SIDA que, em muitos casos, por iniciativa própria, vão às escolas fazer um trabalho de prevenção, o que acaba por ter um impacto diferente.
Parceria com a Fundação
Por último, quando questionado sobre os resultados obtidos da parceria das dioceses de Bafatá e Bissau com a FEC, o Bispo salientou que o trabalho da Fundação - a formação de professores - tem sido muito positivo pois há muito que se nota o esforço da parte da Igreja Católica, e de todas as organizações relacionadas, em formar professores e não visitar as escolas apenas para ter consciência das dificuldades que existem.
O trabalho realizado nas bibliotecas também tem sido muito gratificante pois verifica-se um maior gosto, da parte da população guineense, pela leitura e manuseamento do livro. O programa radiofónico Igreja Lusófona é outro projecto com um papel fundamental naquela cultura, visto a rádio ter um grande impacto junto dos africanos. Além disto, foi salientada a importância do programa de computadores e novas tecnologias na formação de alunos.
A terminar D. Pedro Zilli revelou o forte sentimento de amizade que nutre pela FEC pois, mesmo não sendo fácil, tem procurado apoiar a sua presença através do diálogo e abandono do relacionamento diplomático.







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