Portugal é o país da União Europeia onde há mais desigualdade entre ricos e pobres,
uma situação que é característica dos estados em vias de desenvolvimento, segundo
dados revelados ontem pela associação Oikos. Para assinalar o Dia Mundial para a Erradicação
da Pobreza, várias organizações portuguesas lançam hoje um apelo para que o País coloque
a pobreza e a desigualdade no debate público, deixando de se concentrar apenas na
discussão sobre crescimento económico e redução do défice do Estado.
"Portugal é de longe o país da União Europeia (UE) onde os ricos são os mais ricos
e os mais pobres são os mais pobres", declarou João José Fernandes, responsável do
conselho directivo da Oikos - Cooperação e Desenvolvimento.
As 100 maiores fortunas portuguesas representam 17 por cento do Produto Interno Bruto
(PIB) e 20 por cento dos mais ricos controlam 45,9 por cento do rendimento nacional.
Citando dados do Eurostat, a organização assinala que um em cada cinco portugueses
vive no limiar da pobreza. Das 147 332 pessoas que recebem o Rendimento Social de
Inclusão, metade são mulheres. O desemprego atinge 7,2% da população activa.