As perguntas a que o Sinodo tenta responder: a assembleia já trabalha nas propostas
que vai apresentar ao Papa
Com a apresentação da
Relatio post disceptationem
, o Sínodo dos Bispos entrou numa segunda fase dos seus trabalhos, centrada nos “Círculos
Menores”, 13 grupos que congregam os 252 padres sinodais por afinidade linguística
ao longo de 7 sessões de trabalho.
O relator geral do Sínodo, Cardeal Angelo Scola, deixou no relatório que condensa
as intervenções dos primeiros 9 dias uma série de perguntas em volta das quais se
estruturarão dos trabalhos dos próximos dias.
A 22 de Outubro será apresentado o
Elenchus finalis
, que recolhe as propostas do Sínodo. Já no dia 14 serão apresentadas na assembleia
sinodal os relatórios dos Círculos Menores.
Após a entrega das propostas na secretaria geral do Sínodo começa-se a discutir o
esboço da mensagem final do encontro. A próxima semana será dedicada ao trabalho de
“unificação” das propostas, pelo relator geral, o secretário especial e os relatores
dos Círculos Menores, seguindo-se a apresentação de “emendas colectivas” às propostas.
Na tarde do dia 21 serão apresentadas as “propostas emendadas”, sujeitas a voto (
Placet - Non Placet
) na manhã do dia seguinte.
As conclusões do Sínodo servem de base para a exortação apostólica pós-sinodal que
o Papa escreverá. Questões para os Círculos Menores
1. Como educar o povo cristão para a fé eucarística, com particular referência ao
anúncio, pregação, catequese e testemunho, sobretudo no contexto da globalização e
da secularização? Como assegurar uma apresentação integral de todas as dimensões da
Eucaristia (mistério pascal e trinitário, presença real, memorial da nova aliança,
banquete e comunhão, dom do Espírito, escatologia, novidade radical do culto cristão,
logikē latreia
)?
2. Como ajudar o povo cristão a acolher a intrínseca ligação entre a Eucaristia e
a vida quotidiana, entre o mistério celebrado e a oferta da própria vida a nível pessoal
e social, entre a fé professada e os comportamentos publicamente relevantes (dimensão
antropológica)?
3. Como responder ao urgente dever de oferecer o dom eucarístico de forma regular
a todos os fiéis, mesmo nos países de missão e com falta de sacerdotes? Que estrutura
e modalidade para as assembleias litúrgicas dominicais em espera de sacerdote?
4. Como ajudar o povo cristão para promover a adoração eucarística que nasce da celebração
litúrgica e a ela conduz?
5. Como podem a Eucaristia e a eclesiologia que dela deriva tornar-se princípio e
forma de actuação para aspectos importantes da vida eclesial (sinodalidade, representação,
ecumenismo e diálogo inter-religioso)?
6. Como recuperar a dimensão integral da iniciação cristã (Baptismo, Confirmação e
Eucaristia) para as crianças, os jovens, os adultos? Como ilustrar, em particular,
o nexo entre Eucaristia e Reconciliação? Como ajudar os fiéis a viver o caminho de
conversão exigido pela Eucaristia?
7. Como promover uma pastoral de comunhão e de acolhimento para todos os que vivem
numa situação que impede o acesso à reconciliação sacramental e à Eucaristia (pessoas
em união de facto, divorciados recasados, baptizados casados apenas civilmente)?
8. Como educar o povo dos fiéis para a centralidade da celebração eucarística dominical?
Que caminhos seguir para uma adequada formação teológico-litúrgica (
ars celebrandi
) dos presbíteros, diáconos e dos agentes dos vários ministérios?
9. Que critérios para um melhor ordenamento das múltiplas celebrações eucarísticas
por parte de pequenas comunidades no interior da própria comunidade paroquial (Missas
com crianças, jovens, grupos particulares)?
10. Como pode ser vivida a celebração eucarística por doentes e idosos? Como fazer
participar na Eucaristia, em particular, os doentes psiquiátricos e sobre que critérios
administrar-lhes a santa Comunhão?
11. De que modo podem as nossas celebrações favorecer nos fiéis um compromisso missionário
em todos os ambientes da vida, através do testemunho? Como educar todos os fiéis para
a relação entre Eucaristia e missão
ad gentes
?
12. Como podem as nossas celebrações educar para a responsabilidade social dos fiéis,
em particular nos âmbitos da justiça, da solidariedade, da partilha, da paz, da reconciliação
e do perdão?
13. Que podemos sugerir para educar o povo cristão para a dimensão cosmológica da
Eucaristia?
14. Como educar o povo cristão para um participação plena, consciente, actuante e
fecunda na santa Eucaristia? Como reeducar o povo cristão, nos países da nova evangelização,
para o sentido do mistério celebrado? Que lugar para a mistagogia?
15. Que critérios de carácter geral e particular podem ser sugeridos para o compromisso
da arte e da arquitectura ao serviço da beleza da liturgia?
16. Considera-se oportuno rever algum aspecto particular do rito romano (
ite missa est, pax
…)?
17. Que critérios utilizar para uma correcta inculturação litúrgica do único mistério
eucarístico, que favoreçam a participação activa dos fiéis nos diversos contextos
culturais?