2005-10-13 15:16:00

SÍNODO: TRABALHOS SINODAIS ENTRAM NA FASE DE APROFUNDAMENTO NOS CÍRCULOS MENORES


Cidade do Vaticano, 12 out (RV) - Prosseguem, no Vaticano, os trabalhos da XI assembléia geral do Sínodo dos Bispos. Na 15ª congregação geral, realizada esta manhã, os padres sinodais abordaram temas como o desapego dos cristãos pela celebração eucarística. Um desapego que deve ser combatido _ defenderam eles _ insistindo na formação dos fiéis.

O representante do Vaticano, Cardeal Attilio Nicora, Presidente da APSA (Administração do Patrimônio da Sé Apostólica), falou do valor teológico da oferta dos fiéis para a celebração eucarística. Com a diminuição desse costume, perdemos uma oportunidade _ disse o purpurado _ de fazer crescer o sentido da participação, tanto material quanto espiritual, na Eucaristia e no dinamismo de caridade que dela deriva.

Um bispo de Malta falou sobre o tema "da celebração à adoração". O prelado falou do perigo de se dissociar a adoração e as devoções eucarísticas da própria celebração da Eucaristia. Os primeiros cristãos adotaram o sacrário apenas para conservar as espécies sacramentais a serem levadas depois aos enfermos e encarcerados. A celebração da Eucaristia é o centro de toda a vida cristã e na Igreja tudo deriva dela e a ela conduz.

Um bispo da Polônia, a partir de sua experiência do caminho neocatecumenal, falou da linguagem dos sinais junto à Palavra na comunicação do Mistério. O bispo chamou a atenção dos padres sinodais sobre o perigo de abusos na utilização dos sinais na Eucaristia. Para ele não existe sinal mais eloqüente do que a "fração do pão".

O Superior-geral dos Passionistas falou sobre a presença real de Jesus na Eucaristia, sobre os aspectos de sacrifício, memorial e refeição, e sobre Maria, como "Mulher eucarística". A memória da Paixão, que se atualiza na Eucaristia, é o coração do mistério pascal. Com Cristo, na Eucaristia, morre toda a humanidade, e com ela todo o cosmos. Na Eucaristia, Jesus está presente na totalidade de seu mistério: encarnação, paixão, morte e ressurreição. Podemos então invocar Maria como Mãe da Eucaristia?

Outro prelado polonês abordou a questão da espiritualidade eucarística dos bispos, sacerdotes e seminaristas. Sua afirmação é que o sacerdócio é um sacramento de ação. É o sacramento do ato salvífico e redentor de Cristo. O sacerdote deve imitar a Eucaristia que celebra: assim, se torna testemunha de Cristo eucarístico. A espiritualidade do sacerdote deve ser uma espiritualidade eucarística: deve ser holocausto oferecido pelos outros.

Por fim, merece destaque o pronunciamento do Bispo da Anatólia, Turquia. Anatólia, disse ele, foi o palco da primeira expansão da mensagem de Jesus e na qual os cristãos hoje são bem poucos. Na cidade de Tarso, por exemplo, os únicos cristãos são três religiosas que acolhem os peregrinos. Para celebrar a missa, elas usam a única igreja-museu que sobrou, e ainda assim, somente com permissão. O Bispo citou Dom von Galen e Dom Oscar Romero como testemunhas da estreita ligação entre o memorial do sacrifício de Jesus e aqueles que encontraram a razão e a força de um anúncio feito com inteligência e coragem, e sem reticências.

Na parte da tarde, a 16ª congregação geral introduziu os trabalhos sinodais numa nova fase. Durante uma hora e meia, aproximadamente, o Relator-geral do Sínodo, Cardeal Angelo Scola, Patriarca de Veneza, leu, em latim a "Relatio post disceptationem" (Relatório pós-discussão).

O texto _ em latim e italiano _ foi distribuído a todos os presentes, para que acompanhassem sua leitura. Este relatório sintetiza as quase 230 intervenções dos padres sinodais, enriquecidas com as 150 reflexões, sugestões, troca de idéias e perguntas levantadas na discussão livre de todas as tardes, as contribuições dos auditores, dos delegados fraternos e com as apresentações e comunicados para a celebração dos 40 anos do Sínodo.

Tudo isso representa uma primeira resposta ao convite de João Paulo II, que convocou este Sínodo, e de Bento XVI, que o confirmou. Esse relatório foi ainda corroborado pelo clima fraterno e colegial instaurado dentre os padres sinodais e pelo testemunho expresso por tantos deles. Cada padre sinodal pôde falar com grande liberdade e franqueza, expressando assim suas idéias, mesmo quanto aos temas mais delicados.

Agora esse relatório será encaminhado aos círculos menores, que deverão aprofundá-lo. O relatório consta de duas partes, além, é claro, de uma introdução e uma conclusão.

Na introdução aparece o desejo dos padres sinodais de superar os dualismos. Segue a primeira parte intitulada: Educar o Povo de Deus para a fé na Eucaristia. A segunda parte tem por título: A ação eucarística.

Na primeira parte encontramos cinco pontos: a novidade do culto eucarístico; a fé eucarística; Eucaristia e sacramentos; Eucaristia e povo sacerdotal; e Eucaristia e missão. Já a segunda parte se articula em quatro pontos: em fidelidade à reforma litúrgica; a estrutura da celebração litúrgica; a arte de celebrar; e uma participação ativa.

A partir de amanhã os membros do Sínodo dedicar-se-ão ao aprofundamento dos diversos temas em círculos menores. Para tanto, ao final do relatório estão 17 questões centrais. Cada questão se subdivide em diversas outras, para melhor compreensão da temática.

Terminada a leitura do relatório, vários auditores fizeram uso da palavra; desta vez, foi a oportunidade de várias mulheres _ leigas e religiosas _ presentes ao Sínodo, oferecerem também sua contribuição e seu testemunho. (RL/MZ)








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