ARQUIDIOCESE DE LOS ANGELES DIVULGA DOCUMENTO SOBRE ABUSOS SEXUAIS
Los Angeles, 13 out (RV) - A vinda à tona de numerosos novos casos de abusos
sexuais de sacerdotes contra menores, na Califórnia _ muitos dos quais remontam aos
anos 30 _ e os esforços para ocultá-los, colocaram esse escândalo de novo, no centro
das atenções.
Os novos casos estão todos na Internet, para quem quiser ver,
no site http://www.la-archdiocese.org/english/ , onde a Arquidiocese
de Los Angeles se confessa abertamente, de seus pecados, de 1930 a 2003.
No
documento intitulado "Report to People of God: Clergy Sexual Abuse Archdiocese of
Los Angeles 1930-2003", a Igreja leva ao conhecimento de todos, pela primeira vez
e com detalhes, todos os abusos cometidos nos últimos 75 anos, por 245 membros do
clero da diocese mais importante dos EUA, que conta mais de cinco milhões de fiéis.
"As
vítimas merecem essa confissão" _ assegura o Cardeal-arcebispo de Los Angeles, Roger
Michael Mahony, na apresentação do relatório, publicado no contexto de "reconciliação"
da Igreja com as vítimas de tais abusos e seus familiares.
O conteúdo do relatório
_ de 27 páginas _ é duro de digerir, segundo observadores, porque o texto _ alegam
_ "está repleto de eufemismos, para evitar a palavra violação e abuso, o que reflete
os esforços da Igreja para negar o óbvio". Como exemplo, citam o caso de Pe. Michael
Baker que, em 1986, confessou espontaneamente, ao então Arcebispo Mahony, que mantivera
relações sexuais com dois menores. O caso jamais chegou ao conhecimento da Justiça
e Pe. Baker recebeu ajuda psicológica, sendo posteriormente transferido para outros
encargos, até sua expulsão da Igreja, em 2000.
O advogado Raymond Boucher,
que representou 560 vítimas de abusos sexuais, na causa intentada contra a Arquidiocese
de Los Angeles, afirma que o documento agora divulgado contém mais informações do
que as que chegaram ao conhecimento das vítimas, mas, ainda assim, não corresponde
à verdade total.
O caso encerrou-se em 2003, com a oferta, por parte da Arquidiocese,
de um acordo com as vítimas. Desde então, a Igreja Católica nos EUA segue uma política
de "tolerância zero", segundo a qual, a qualquer momento que se venha a saber que
um sacerdote abusou de um menor, não importa quanto tempo tenha transcorrido, do fato,
ele será imediatamente exonerado de seu cargo. (AF)