2005-10-12 17:36:37

SINAIS DE DISSENSO NA IGREJA CATÓLICA EM ANGOLA


Luanda, 12 out (RV) - A Igreja Católica em Angola vive momentos difíceis, por um movimento de rebeldia na Diocese de Cabinda, extremo norte do país, cujo clero e fiéis se negam a aceitar o novo Bispo nomeado por João Paulo II, Dom Filomeno Viera Dias, nascido em Luanda e parente do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

Os fiéis e o clero de Cabinda _ um território separado do resto de Angola, ao norte do rio Congo, e que alimenta ideais de independência _ vêem com desconfiança o novo Bispo. O Vigário-geral de Cabinda, Mons. Casimiro Congo, foi suspenso de seu cargo pela Nunciatura Apostólica, por alimentar esse sentimento de independência.

O episódio mais grave desta crise teve como protagonistas o recém-nomeado Administrador Apostólico de Cabinda, Eugenio del Corso, que foi agredido por fiéis, na Igreja da Imaculada Conceição. O representante apostólico fora a Cabinda para convencer os fiéis a aceitarem o novo Bispo. A agressão de que foi vítima implicou na suspensão de Casimiro Congo de suas funções, visto que ele foi responsabilizado pelo incidente.

Além do mais, a Igreja da Imaculada Conceição foi fechada ao culto, até que se cumpra o rito de desagravo previsto pelo Código de Direito Canônico, por ter o local sido palco de um ato de violência.

A Conferência Episcopal Angolana divulgou uma nota na qual lamenta a situação na Diocese de Cabinda e acusa o clero local de "manipular os fiéis" para que eles se coloquem contra a Igreja. O Episcopado nega ter sofrido qualquer tipo de pressão para que Dom Filomeno fosse nomeado e sustenta que sua nomeação foi uma decisão de João Paulo II, falecido em 2 de abril passado.

A rebelião do clero e dos fiéis de Cabinda vem sendo observada com imparcialidade pelo governo de Angola, que tem se mantido à margem da questão.

A título de curiosidade: em Cabinda se produz 60% do petróleo que Angola exporta, principalmente para os Estados Unidos. A população local vive numa situação de saúde bastante grave, devido à contaminação das águas do mar, por parte da indústria petroleira, que afetou fortemente, também um dos maiores setores da economia local, que é a pesca. (AF)







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