A intervenção do bispo de Coimbra D. Albino Mamede Cleto no Sinodo:preocupação com
algumas tendencias em Portugal que desvituam a celebração eucaristica.
Penso que deveria resultar deste Sínodo uma palavra de estima e de estímulo comum
para com os nossos sacerdotes e os seus colaboradores, que fazem tantos sacrifícios
para garantir ao povo de Deus a celebração do Domingo.
Neste espírito de pastores vigilantes e de irmãos que ajudam, nós devemos, portanto,
estar atentos aos desvios que se acentuam, pelo menos no meu país.
Apresento três tendências, boas em si mesmas, mas nas quais a Eucaristia tende a desviar-se
do que ela é - celebração litúrgica e santa do mistério sacramental – para tornar-se
um simples serviço religioso.
Em primeiro lugar: a preocupação principal dos padres em garantir a Missa, que os
fiéis exigem, negligenciando a qualidade da celebração. Numa sociedade secularizada,
o alimento não basta, é preciso preparar a mesa. Mais importante do que colocar a
hóstia na mão ou na língua do fiel é fazê-lo com a dignidade que transmite a fé.
Em segundo lugar: no desejo de ser aceites pelas pessoas que nos ouvem, os nossos
padres consideram a Eucaristia como uma comunhão na mesa da igualdade. Comprometamo-nos
numa catequese na qual a comunhão seja, antes de mais, comunhão com o Cordeiro imolado
e oferecido.
Terceiro: multiplicamos as celebrações dominicais que, na ausência de um padre, são
presididas por diáconos ou leigos. É uma bênção, mas a facilidade com que se procede
à substituição da Missa por estas celebrações preocupa-me.
Seria necessário, pelo menos, que os ritos sejam mais nitidamente diferenciados.
D. Albino Mamede Cleto, Bispo de Coimbra