ARCEBISBO UGANDENSE CONTRÁRIO À PRISÃO DE REBELDES
Kampala, 08 out (RV) - "Sabemos que não existe ainda nenhuma comunicação formal
por parte do Tribunal Penal Internacional (TPI), dos mandatos de prisão contra os
chefes dos rebeldes, mas estamos convencidos de que este não seja o meio adequado":
foi o que afirmou à agência missionária de notícias _ MISNA _ Dom John Baptiste Odama,
Arcebispo de Gulu, norte de Uganda, onde, há 19 anos, lutam os rebeldes do Exército
de Resistência do Senhor (ERS).
O Ministro da Defesa ugandense anunciou ontem,
o nome dos cinco chefes rebeldes, entre os quais o líder Joseph Kony, que seriam destinatários
de um mandado de prisão expedido pelo TPI, com sede em Haia, Holanda, sob a acusação
de crimes contra a humanidade e constantes violações dos direitos humanos.
Dom
Odama, que é também Presidente de uma associação interconfessional que defende os
esforços de diálogo e negociação com os rebeldes, declara que "a decisão de prender
os chefes rebeldes, deveria ser questionada". Ele acrescentou que "a construção da
paz depende da criação de um clima de confiança, e que o TPI não dispõe de força de
polícia".
Em relação ao pedido do Tribunal para que o exército efetuasse as
prisões, o Arcebispo perguntou: "Se em 19 anos, o exército não foi capaz de parar
os rebeldes, como o fará agora?"
Dom Odama advertiu ainda que os rebeldes
estão divididos entre Uganda, Sudão e Congo, e que ao saber das últimas notícias,
o "número dois" do grupo teria fugido para o Sudão, com cerca de 400 rebeldes. O Arcebispo
concluiu, afirmando esperar "o retorno da paz e que a decisão do TPI possa colocar
fim a uma guerra que, em 19 anos, o exército não conseguiu deter".
O que se
sabe é que os rebeldes acabam de receber novas e sofisticadas armas. Quem as financia
e de onde vêm, seria o caso de se questionar.
O Exército de Resistência do
Senhor luta para derrubar o governo de Uganda e instalar do poder um regime baseado
nos 10 mandamentos. (JE)