Mensagem do Presidente do Conselho Pontificio para a Saúde a proposito da Jornada
Mundial da Saúde Mental.Para o Cardeal Javier Lozano Barragan urge garantir uma educação
á saúde e promover estilos de vida sadios.
Urge promover estilos de vida sadios coerentes com uma cultura de valores, pois a
crise actual destes está relacionada --admite a medicina-- com algumas patologias
e perturbações mentais, alerta o Presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral
da Saúde..
Não só intervenção, mas também prevenção reclama, portanto, o cardeal Javier Lozano
Barragán numa sua mensagem por ocasião da Jornada Mundial da Saúde Mental, que será
celebrada dia 10 de Outubro, esta vez com o lema «Saúde mental e física durante toda
a vida».
As linhas do purpurado são expressão da «viva atenção com a qual a Igreja segue os
problemas de sanidade e da saúde», pois esta «para todos é fundamental para garantir
a paz e a justiça entre os povos».
Mas é uma realidade que a condição de saúde dos indivíduos, famílias, comunidades
e nações «está determinada por variáveis ambientais, biológicas, socioculturais, espirituais,
económicas e políticas», reconhece.
E isso, «no âmbito da saúde mental», assume «uma relevância particular», dados os
450 milhões de pessoas no mundo que têm problemas mentais, neurológicos ou de conduta,
e as 873 mil que se suicidam cada ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde
(OMS) citados pelo cardeal Lozano Barragán.
A este panorama, soma-se que, ainda que «o mal-estar mental constitui uma verdadeira
emergência social e de saúde», 25% dos países carecem de uma legislação nesta matéria,
41% não têm uma política definida para a saúde mental, em mais de 25% dos centros
de saúde os enfermos não têm aceso a fármacos psiquiátricos essenciais e 70% da população
contam com menos de um psiquiatra por cada 100 mil pessoas.
Tudo isso sem esquecer que «os transtornos mentais atingem com maior frequência as
populações desfavorecidas desde o ponto de vista intelectual, cultura e económico»,
pois «milhões de criaturas --denuncia o purpurado-- se vêem obrigadas a levar nos
seus corpos e nas suas mentes as consequências de uma escassa alimentação», «conflitos
armados» e «a sucessão de catástrofes naturais gigantescas com sua pesada carga de
mortalidade».
Por isso, «existe a urgência de uma forte acção preventiva das enfermidades mentais»,
exorta.
Certamente «o diagnóstico precoce, a intervenção aos primeiros sinais de mal-estar
e sofrimento» e «a realização de medidas específicas de intervenção representam um
instrumento primário de tutela da saúde mental», sublinha.
Mas, de acordo com o purpurado, também «é necessário garantir a difusão de uma real
educação à saúde e promover estilos de vida sadios e coerentes com uma cultura dos
valores».
«A própria ciência médica --recorda-- reconhece uma estreita relação entre a manifestação
ou o agravamento de algumas patologias e transtornos mentais e a actual crise de valores»,
do que é prova «a interdependência entre a SIDA, a toxicomania e o uso desordenado
da sexualidade».
«Não é possível o silêncio perante a contínua agressão à serenidade e ao equilíbrio
mental, constituída por modelos sociais que levam à instrumentalização do homem e
a perigosos condicionamentos da sua liberdade», alerta.
«A crise de valores e a afirmação de desvalores que aumentam a solidão fazem cair
as tradicionais formas de coesão social, rompem os grupos de agregação, em particular
no plano cultural, e desacreditam a benemérita instituição da família», afirma na
sua mensagem o card. Lozano Barragan.
«Também a mentalidade dominante das nossas sociedades cada vez mais fechadas e egoístas,-salienta-
leva a suprimir o sofrimento e a marginalizá-lo, com graves consequências sobre a
saúde mental dos cidadãos».
São factos e números que o purpurado propõe «a todos os responsáveis da sociedade
encarregados de velar pela saúde pública», a fim de que procurem encontrar «ajuda
urgente a estes enfermos» --«muitos dos quais se encontram pelas ruas ou nas suas
famílias» sem possibilidade de «receber a ajuda técnica científica de que necessitam»--
e disponham «instrumentos eficazes de intervenção para defender o elementar direito
de acesso aos cuidados e igualdade na saúde no pleno respeito da integridade e da
dignidade do enfermo».
A Jornada Mundial da Saúde Mental celebrou-se pela primeira vez em 10 de Outubro de
1992. Desde então celebra-se anualmente na mesma data.