2005-10-06 18:25:22

Questões litúrgicas no centro das intervenções dos Padres sinodais:partilhadas experiências e ideias sobre a celebração da Eucaristia e as várias dimensões deste Sacramento na vida da Igreja.O bispo moçambicano de Xai-Xai pediu uma justa redistribuição do clero no mundo


Esta primeira semana de trabalho do Sínodo sobre a Eucaristia que decorre no Vaticano até ao próximo dia 23 tem sido aproveitada pelos mais de 250 Bispos de todo o mundo presentes para partilhar experiências e ideias sobre a celebração da Eucaristia e as várias dimensões deste sacramento na vida da Igreja.
É necessário penetrar na beleza da dimensão sacrificial da Eucaristia – disse entre outras coisas o arcebispo brasileiro D. Luciano Mendes de Almeida, e convidar o povo de Deus a assumir a forma eucarística de viver….o cristão não pede para ser libertado das tribulações e padecimentos que fazem parte do estar no mundo mas de permanecer unido a Cristo na Igreja, e de oferecer na paz a própria vida na expectativa da Sua vinda na plenitude do Reino. O problema da escassez de sacerdotes foi enfrentado pelo bispo moçambicano de Xai-Xai D. Lúcio Muandula com o pedido de uma justa redistribuição do clero no mundo visto que tantas comunidades eclesiais estão privadas do sacramento da Eucaristia e do consequente dinamismo de vida que as faz tornar comunidades missionárias. O bispo de Xai-Xai salientou ainda a necessidade urgentíssima de repropor uma autentica espiritualidade eucarística caracterizada pela gratuidade do sacrifício de Cristo. E o cardeal Rouco Varela de Madrid, por seu lado, pôs em relevo a necessidade de renovar em chave pascal a doutrina, a catequese e a experiência prática do Sacramento da Eucaristia, e pediu também uma pedagogia canónica e pastoral atenta e respeitosa da comunhão eclesial que elimine o subjectivismo e as arbitrariedades nas formas da celebração e do culto eucarístico.
Como se esperava, os padres sinodais estão a trabalhar, praticamente parágrafo a parágrafo, sobre o “Instrumentum Laboris” previamente publicado. Nesse documento é reflectida a preocupação dos Bispos com as celebrações litúrgicas em todo o mundo, vincando a necessidade de seguir normas e posições comuns na celebração e na vivência prática da Eucaristia.
O documento, intitulado “A Eucaristia: Fonte e Cume da vida e da missão da Igreja” foi elaborado após uma consulta a cerca de 4.500 Bispos de todo o mundo. No mesmo sublinha-se a importância do “Mistério Eucarístico” para a Igreja, advertindo-se contra o que se consideram serem práticas que atentam “contra o sentido do sagrado”, como o sincretismo ou a inter-comunhão entre os cristãos.
No Instrumento de trabalho é dado um grande destaque à preocupação ecuménica da Igreja, manifestado por várias vezes pelos dois Papas que convocaram esta reunião, João Paulo II e Bento XVI, mas recorda-se que não é possível a celebração comum da Eucaristia entre católicos e não-católicos enquanto “a unidade da fé não for realizada”. Só em certas condições é permitida aos católicos nas Igrejas Orientais, às quais é reconhecida a validade do sacramento da Eucaristia.
A primeira fase sinodal, que inclui as intervenções dos seus participantes, conclui-se com a recolha dos pontos convergentes no relatório após a discussão. Esses pontos serão discutidos na segunda fase, durante a qual todos os padres sinodais se dividem em pequenos grupos.
A 22 de Outubro será apresentada a “lista final”, que recolhe as propostas do Sínodo. Estas propostas constituem a base para a redacção da exortação apostólica que o Papa escreve como conclusão dos Sínodos.
Quarta-feira, tiveram início os trabalhos dos Chamados Círculos Menores, 13 grupos que congregam os 256 padres sinodais. Já esta manhã, Bento XVI visitou cada um desses grupos, mostrando “a atenção com que segue o desenrolar deste grande encontro eclesial”, como revelou D. Jorge Costantino, durante o briefing que manteve hoje com os jornalistas.
A imprensa apenas pode acompanhar os trabalhos do Sínodo através dos comunicados que, duas vezes ao dia, são publicados pela Sala de imprensa da Santa Sé. Da hora livre de discussão que os participantes na assembleia sinodal têm à sua disposição não têm transparecido informações detalhadas. D. Nikola Eterovic, secretário-geral do Sínodo, garantiu aos participantes que a comunicação social seria informada sobre o conteúdo das intervenções, mas não sobre o nome dos intervenientes, “para garantir maior liberdade”.







All the contents on this site are copyrighted ©.