O arcebispo Celestino Migliore, pediu na ONU uma reavaliação do papel dos idosos na
sociedadae e no processo de desenvolvimento
O observador permanente da Santa Sé na ONU, o arcebispo Celestino Migliore, perante
a terceira Comissão da 60ª Sessão da Assembleia Geral da ONU efectuou uma intervenção
sobre o ponto 63: “Na sequencia do ano internacional dos idosos: Segunda Assembleia
Mundial sobre o envelhecimento”.
Começou por recordar que há três anos em Madrid, a Santa Sé descreveu o idoso como
“o guardião da memória colectiva, conservador dos relacionamentos entre as gerações
e transmissor dos valores autênticos que definiram a sua existência”. O fato de que
as pessoas agora vivem mais tempo – salientou o observador permanente da Santa Sé
- requer uma reavaliação do papel dos idosos na sociedade e no processo de desenvolvimento.
Seria bom, entretanto, criar uma gama de oportunidades para fazer uso do potencial,
experiências e especialidades das pessoas mais velhas.
Em muitas sociedades, o cuidado de indivíduos dependentes e doentes é realizado por
pessoas mais velhas, particularmente mulheres. Neste contexto, é importante que a
viabilidade e o acesso a cuidados de saúde básica para pessoas idosas sejam integrados
com um longo processo de desenvolvimento, com em primeiro plano as suas necessidades
médicas específicas e a nutrição adequada.
Embora a protecção social dos anciãos seja uma responsabilidade principal dos Governos
e instituições privadas, a Santa Sé reafirma o importante papel também da família
na sua segura compreensão da saúde, mental, física e espiritual.
O arcebispo Celestino Migliore recordou que a Santa Sé oferece o seu suporte às pessoas
idosas através de vários programas de assistência. Actualmente Agências Católicas
e organizações em todos os continentes cuidam de idosos em mais de 13.000 lugares,
incluindo mais de 500 centros na África, 3.000 na América e 1.400 na Ásia.
Na sua intervenção o representante da Santa Sé ressaltou a importância da compaixão,
do amor, do respeito, da apreciação e dedicação para com os idosos, e encorajou os
Governos a ensinar nas escolas estes valores que respeitam os anciãos, membros da
sociedade civil para que os exercitem em casa e que estes valores sejam continuamente
promovidos nos meios de comunicação.
Nos países menos desenvolvidos onde o serviço informal e a pobreza coexistem, o nível
nutricional dos idosos está frequentemente em risco por causa da pobreza, responsabilidade
de sustentar os netos, morar sozinhos e uma grande variedade de dificuldades relacionadas
com a idade. Uma pensão social básica e a protecção dos direitos de pensão são caminhos
importantes para alcançar e manter os idosos.
O arcebispo Celestino Migliore referiu-se também ás projecções demográficas que mostram
um aumento dramático em números de anciãos para 2050, mostrando a transição de um
regime de alta fertilidade e alta mortalidade a baixo crescimento populacional, ambos
em países desenvolvidos e em desenvolvimento. De acordo com as estatísticas, hoje
há mais de seiscentos milhões de pessoas que estão acima dos sessenta anos de idade,
e é estimado que em 2050 eles serão mais de três vezes este número. É também calculado
que em 2030, 71% desta população anciã viverá em países em desenvolvimento e entre
12% e 16% estarão em países desenvolvidos.
Estas tendências – salientou a concluir - ensinam duas coisas: primeiro, que todos
os países se devem s tornar e manter, como a Reunião de Madrid de 2002 disse, “uma
sociedade para todas as idades” e segundo, que cuidados extras podem ser aconselháveis
quando políticas internacionais e fiscais entram no reino da engenharia humana.