PAZ, SEGURANÇA E DIREITOS HUMANOS: TEMAS ABORDADOS POR DOM MIGLIORE NA ONU
Nova York, 24 set (RV) - É preciso trabalhar com "capacidade e determinação"
para aplicar o pacote de reformas concordado, embora não faltem desilusões e reservas.
Assim se expressou Dom Celestino Migliore, Observador Permanente da Santa Sé na ONU,
em seu pronunciamento de ontem, ao término da cúpula inaugural da Assembléia Geral,
que marcou o 60º aniversário das NN.UU..
O próprio Secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, declarou que "os líderes não alcançaram um amplo acordo" como ele gostaria
que tivesse acontecido, "mas na cúpula foram assumidos compromissos de grande valor".
Dom
Celestino Migliore aprovou, em nome da Santa Sé, grande parte das propostas contidas
no documento final da cúpula, mas fez algumas ponderações e reservas em relação às
referências sobre a saúde reprodutiva, o acesso e a prática do aborto. As reservas
do representante da Santa Sé foram as mesmas já expressas por ocasião das conferências
internacionais sobre o desenvolvimento, realizada no Cairo, e sobre a mulher, realizada
em Pequim.
Em relação às expectativas não correspondidas, Dom Celestino Migliore
definiu como "deplorável" a falta de consenso sobre o controle das armas e sua proliferação,
e sobre o desarmamento.
"Que dinheiro e inteligência sejam mais utilizados
para a morte do que para a vida _ exclamou ele _ é um escândalo que deveria ser do
interesse máximo para todas as nações."
A seguir, o representante vaticano
fez votos de que, diante das tragédias humanas do genocídio, dos crimes de guerra
e contra a humanidade, e da limpeza étnica, se dê a essa matéria humanitária uma definitiva
formulação legal.
Acerca do papel das NN.UU., o Arcebispo indicou três áreas
específicas de compromisso: solidariedade para com os pobres, promoção do bem comum,
e desenvolvimento sustentável com o ambiente. E recomendou: um governo mundial deve
também assegurar uma globalização sem marginalizações, e isso requer uma organização
forte e corajosa.
Dom Migliore pediu também, grande atenção ao respeito pelos
direitos humanos, a partir dos princípios da Declaração Universal, exortando a que
eles sejam respeitados em nível nacional, e rejeitando a idéia de que os direitos
fundamentais possam ser relativos.
Por fim, enfatizou que, entre os compromissos
da ONU, está também o de dar uma válida e importante contribuição à cooperação inter-religiosa
para a paz e o desenvolvimento, âmbito no qual a Santa Sé oferece ajuda para formar
as consciências e difundir valores éticos comuns. (RL)