COMISSÃO EUA NO BRASIL INVESTIGA ASSASSINATO DA IR. DOROTHY STANG
Belém, 24 set (RV) - Uma comissão norte-americana chegou ao Brasil, para acompanhar
as investigações sobre o assassinato da missionária, Ir. Dorothy Stang.
Fazem
parte da comissão investigativa o irmão da religiosa norte-americana, assassinada
aos 73 anos de idade, no município de Anapu (PA), em 12 de fevereiro de 2005, David
Stang, o advogado da família, Brent N. Rushford, o cônsul especial de Washington,
Jeffrey T. Hsu, e o advogado consultor do caso em Washington, Blake Rushforth. Eles
chegaram a Belém na quinta-feira, dia 22, em cuja jurisdição se realiza o processo.
A família Stang acompanha a apuração do crime e as ações adotadas pelo governo
e pela Justiça em relação ao caso. Em agosto, a família enviou uma carta ao Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. "Logo após a morte de nossa irmã, o senhor prometeu ao
mundo, enfrentar a impunidade no Pará. Ao mesmo tempo em que nos sentimos reconfortados
ao ouvir seu compromisso de punir os assassinos de nossa irmã e destinar terras aos
sem-terra e às áreas de conservação, vimos poucas ações concretas" _ diz um trecho
da carta. Eles também pedem que não seja feito um processo separado para pistoleiros
e mandantes do crime, mas sim que todos os envolvidos se sentem juntos, no mesmo banco
dos réus.
Ir. Dorothy Stang viveu 40 anos no Brasil, onde se naturalizou, e
se tornou internacionalmente conhecida, por sua luta pela implementação de projetos
de desenvolvimento sustentável, e por denunciar a exploração ilegal de madeira na
região da Amazônia, a grilagem das terras e a violência contra camponeses da região.
A principal linha de investigação da polícia afirma que o assassinato da missionária
foi organizado por um consórcio de fazendeiros influentes e poderosos na região do
oeste paraense, que se sentiam prejudicados com a atuação de Ir. Dorothy.
Atualmente,
cinco acusados de envolvimento no assassinato da missionária estão presos em Belém.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, apesar de todas as pressões realizadas, depois
da morte da Irmã, o clima de violência continua na região e os grileiros, madeireiros
e fazendeiros continuam intimidando e ameaçando os trabalhadores.
A Comissão
Pastoral da Terra também afirma que a polícia não tem inibido os abusos e vem tratando
trabalhadores da região como "bandidos". (CM)