ESCRITOR TAIWANÊS PEDE LIBERDADE DE EXPRESSÃO NA UNIVERSIDADE DE PEQUIM
Taipé, 23 set (RV) - O escritor e legislador taiwanês, Li Ao, que se encontra
em visita à China, pela primeira vez em 57 anos, pediu mais liberdade de expressão
e de pensamento no país, durante um discurso pronunciado na famosa Universidade de
Pequim.
O escritor, comentarista político e partidário da reunificação da China,
fez um inflamado discurso que, segundo os presentes, "devolveu à Universidade de Pequim
seu antigo espírito", segundo o diário independente "South China Morning Post".
A
Universidade, forja de líderes do Partido Comunista Chinês (PCCh), foi o local onde
estudantes que são membros dessa ideologia política, pediram em 1989, uma revisão
das idéias do partido, num movimento que culminou nos protestos da Praça Tien-nan-men,
reprimidos violentamente pelo exército.
Li Ao apelou, por um lado, pela validade
das idéias comunistas como sistema de governo da China, e citou a Mao Tsé-tung e outros
ex-líderes, mas também criticou a Universidade de Pequim por "sua excessiva fragilidade
e submissão às autoridades".
O escritor, cuja visita foi considerada pela imprensa
como um símbolo da aproximação entre China e Taiwan, contradisse os líderes comunistas
na Universidade, sentados a seu lado na conferência, e assegurou que "nas Universidades,
não se pode ter medo de nada, e nada deveria ser proibido de se falar".
Tempos
atrás, o Secretário-geral da célula do Partido Comunista na Universidade de Pequim,
Min Weifang, havia assegurado que os professores com idéias "contra-revolucionárias"
não devem ser autorizados a dar aulas.
Li também louvou os precedentes reitores
da Universidade de Pequim, que se rebelaram contra as idéias de Mao Tsé-tung, tais
como Ma Yinchu _ muito crítico com as restrições ao movimento da população _ e Cai
Yuanpei _ que se recusou a permitir a entrada de funcionários do Ministério da Educação
na direção do centro docente.
O intelectual, de 70 anos de idade, tinha previsto
regressar à China somente quando completasse 80 anos, mas o diretor da rede de televisão
"Phoenix", Liu Changle, convenceu-o e o ajudou a organizar a atual viagem. (MZ)