BISPOS ANGLICANOS PROPÕEM PEDIDO DE PERDÃO AOS MUÇULMANOS PELA GUERRA NO IRAQUE
Londres, 19 set (RV) - A Igreja Anglicana propôs uma reunião de líderes cristãos
com os líderes muçulmanos, para pedir perdão pela guerra no Iraque, segundo o informe
intitulado "Combater o terrorismo: poder, violência e democracia depois do 11-S",
publicado nesta segunda-feira.
No documento, um grupo de bispos anglicanos
assinala que, diante da negativa do governo britânico, de pedir desculpas, o encontro
poderia ser uma oportunidade para pedir perdão pela contribuição dada pelo Ocidente,
para a atual situação no Iraque, desde a invasão do país.
Os autores do informe
propõem a reunião como solução do dilema surgido no seio da Igreja Anglicana, que
sempre manifestou seu repúdio à invasão, por considerar que não obedecia aos critérios
de uma "guerra justa".
Segundo os bispos, retirar-se agora do Iraque, sem
que haja uma democracia estável, seria irresponsável e agravaria ainda mais a miséria
do povo iraquiano; todavia, permanecer ali implica também cumplicidade com uma guerra
"gravemente errônea".
Se essa "cumplicidade é um mal necessário _ acrescenta
o relatório _ é preciso que haja o reconhecimento público da responsabilidade do Ocidente
frente à situação atual do Iraque".
Assim, os bispos anglicanos propõem uma
"reunião pública, na qual os líderes cristãos possam se encontrar com líderes religiosos
de outras tradições, principalmente muçulmanos, fundamentos na verdade e na reconciliação,
na qual houvesse um reconhecimento público de, pelo menos, alguns dos fatores mencionados".
Os
bispos apontam vários precedentes, ocasiões em que o Cristianismo pediu desculpas
pelas injustiças passadas, como o arrependimento mostrado pelo Vaticano pela perseguição
aos judeus. Esses precedentes "indicam que é possível às instituições, assumir responsabilidades
por suas ações conjuntas no passado" _ explicam.
O relatório coincide com a
publicação, por parte da imprensa britânica, do diário de um ex-colaborador de Tony
Blair, segundo o qual o Primeiro-ministro sentiu prazer ao enviar as tropas ao Iraque,
porque nessa ação bélica parecia estar atingindo a maioridade política. (MZ)