ARCEBISPO PAQUISTANÊS PROTESTA CONTRA PRISÃO DE CRISTÃO ACUSADO DE BLASFÊMIA
Lahore (Paquistão), 14 set (RV) – O Arcebispo de Lahore, Dom Lawrence Saldanha,
condenou duramente a prisão de um cristão ocorrida no último domingo, sob a acusação
de blasfêmia. O Arcebispo pediu também o fim desta lei considerada discriminatória.
Younis
Masih, de 40 anos, foi preso pela polícia paquistanesa no último 10 de setembro. Ele
foi acusado de utilizar termos depreciativos em relação ao profeta Maomé durante os
cantos Gawali, um estilo musical no qual se repetem versos sobre o profeta e os santos
do Islã.
Os arranjos dos cantos haviam sido feitos por um outro cristão e
utilizados na noite anterior à sua prisão. Younis foi espancado primeiro por uma multidão
de cristãos locais, que pretendia que ele se desculpasse e, depois, por um grupo de
muçulmanos ofendidos.
Na noite do dia 10 de setembro, cerca de 200 homens
armados com bastões cercaram a delegacia local, ameaçando não sair dali se não fosse
aberto um processo de blasfêmia contra Younis. Além disso, um outro grupo de muçulmanos
atacou a casa de Younis e surrou sua mulher. No dia seguinte ao acidente, cerca de
50 famílias cristãs abandonaram a localidade com medo de represálias e ataques por
parte dos extremistas.
A lei sobre blasfêmia corresponde aos artigos 295 b
e c do Código penal paquistanês. O primeiro se refere a ofensas contra o Alcorão,
punível com a prisão, enquanto o segundo estabelece a morte ou prisão perpétua por
difamação contra o profeta Maomé.
A opinião de Dom Saldanha, e de toda comunidade
cristã, é de que "esta lei deve acabar, pois é usada pelos extremistas para punir
presumíveis culpados sem prova ou investigação, criando sentimentos de medo e de insegurança
entre as minorias". (JK)