PADRES BRANCOS DIVULGAM CORRESPONDÊNCIAS DO MISSIONÁRIO PRESO DURANTE GENOCÍDIO EM
RUANDA
Roma, 13 set (RV) - Depois que o Tribunal Popular de Ubumwe, na cidade ruandesa
de Kigali, acusou o Padre Guy Theunis de genocídio na "Categoria 1", ou seja, de idealizador
dos massacres, os Missionários da África (conhecidos como Padres Brancos), divulgaram
ontem alguns trechos de cartas e fax enviados pelos Padres Jef Vleugels e Guy Theunis
nos primeiros dias de abril de 1994. Naquele período, foi abatido o aéreo que transportava
a bordo os presidentes de Ruanda e Burundi, fato que deu origem ao genocídio ruandês.
Segundo
o Pe. Gerard Chabanon, Superior-geral dos Missionários da África, "os conteúdos mostram
claramente que o Padre Jef Vleugels e o Padre Guy Theunis fizeram tudo o que era possível
em uma situação caótica e perigosa como aquela, para alertar o mundo inteiro sobre
aquilo que estava acontecendo em Ruanda.
Já o jornal de Kigali, "New Times",
noticiou o testemunho de Thom Ndahiro, pesquisador e componente da Comissão Ruandesa
para os Direitos Humanos, durante a audiência do Tribunal Popular. No seu testemunho,
Thom teria declarado aos juízes que nas correspondências dos missionários "nunca foi
indicado que os tutsis eram mortos ou presos arbitrariamente nem foi mencionado que
estava em curso um genocídio".
O Padre Guy Theunis está preso desde a semana
passada, sob a acusação de participação nos massacres ocorridos em Ruanda, em 1994.
No dia de ontem, o Tribunal Popular encaminhou-o à Magistratura Ordinária, depois
de incriminá-lo na "Categoria 1" como idealizador dos massacres. (JK)