Mais de 5 mil pessoas participaram em Lyon ( França) no encontro inter-religioso
pela paz. Na mensagem enviada aos participantes o Papa convidou a abandonar a violencia.
O proximo encontro terá lugar em abril de 2006 em Washingotn
Mais de 5 mil pessoas participaram no XIX encontro anual inter-religioso pela paz,
organizado pela Comunidade de Santo Egídio.
O encontro teve lugar em Lyon, França, reunindo líderes religiosos e políticos sobre
o tema “A coragem de um humanismo de paz”.
Na mensagem que enviou aos participantes no encontro, o Papa Bento XVI pediu especialmente
aos jovens que tenham coragem “de comprometer-se de forma cada vez mais activa em
favor da paz e do diálogo", recordando que a paz e o diálogo “são os únicos meios
para enfrentar com esperança o futuro do planeta, pois nenhuma violência resolve os
conflitos".
Bento XVI ressaltou que "a violência, qualquer que seja, não pode ser uma maneira
de resolver os conflitos. Mais, a violência compromete gravemente o futuro e não respeita
nem as pessoas nem os povos”.
Criada em 1968 por Andrea Riccardi, a Comunidade de Santo Egídio, uma associação pública
de leigos com cinquenta mil membros em 70 países, tem desempenhado um importante papel
de mediação na desactivação de vários conflitos, nomeadamente em Moçambique.
Os Encontros Internacionais inter-religiosos tiveram início na metade dos anos 80,
com o objectivo de promover o conhecimento recíproco e o diálogo entre as religiões,
no horizonte da paz. A Comunidade de Santo Egídio continuou assim a viver o espírito
do Dia Mundial de Oração de Assis, convocado por João Paulo II em 1986, acolhendo
o convite final do Papa naquele histórico encontro: "Continuemos a difundir a mensagem
da Paz e a viver o espírito de Assis".
Desde então, através de uma rede de amizade entre os representantes das diferentes
crenças e culturas, em mais de 60 países, a Comunidade promoveu uma peregrinação de
paz, que, de ano em ano, se realizou em diversas cidades europeias e do mediterrâneo.
O facto deste encontro se ter desenrolado em França motivou, inevitavelmente, que
o tema da laicidade estivesse em destaque. Andrea Riccardi confessou que, em Lyon,
a Comunidade “esteve à vontade, porque a França tem uma atitude de viver no plural”.
“A laicidade é uma história, não um dogma, e a história muda com a realidade. A laicidade
não é uma limitação, mas uma garantia de liberdade”, vincou.
Na abertura do encontro, o ministro francês do interior, Nicolas Sarkozy, assinalara
que “a laicidade francesa não é uma inimiga das religiões”. O presidente da Federação
Protestante da França, Jean-Arnold de Clermont, precisou que a laicidade deve ser
“estimulada”, mas lamentou a multiplicação de casos em que “os responsáveis pelos
poderes políticos não respeitam a neutralidade que a lei implica”.
O Cardeal Mario Francesco Pompedda assegurou, por seu turno, que “a Laicidade é uma
invenção que remonta a Cristo”, mas indicou que este princípio é muitas vezes esquecido
pelos próprios cristãos.
O XX encontro terá lugar no próximo ano em Washington, no mês de Abril. No 20º aniversário
do encontro de oração em Assis, está ainda previsto um momento semelhante na mesma
cidade italiana.