Em Portugal, semana nacional de pastoral social pede processos de adopção menos morosos
“O processo de adopção de crianças é muito moroso em Portugal. Chega a arrastar-se
por uns longos 4 anos” – lamentaram os participantes da XXIII Semana Nacional da Pastoral
Social que terminou em Fátima no passado dia 9. Subordinada ao tema “Crianças em
risco: um direito e um dever”, neste congresso referiu-se que “há 1077 crianças em
245 lares o que dá uma média de 42 crianças por lar”. E acrescentam: “deve favorecer-se
a tendência para instituições mais pequenas para evitar a massificação”.
Como o tempo útil da criança a adoptar “é curto”, os presentes sublinharam que “é
desejável que os organismos competentes agilizem e reduzam substancialmente este longo
tempo de espera para bem de todos os intervenientes: o casal adoptante e a criança
a adoptar”.
Nesta iniciativa, organizada pelo Secretariado Nacional da Acção Social e Caritativa
sob a responsabilidade da Comissão Episcopal da Acção Social e Caritativa, os participantes
referiram também que se nota, em “alguns sectores oficiais do Estado, uma desconfiança,
agressividade e, por vezes, ataque frontal às Instituições de crianças”. Dado que
uma família “acolhedora, afectuosa e educadora é o ideal para todas as crianças”,
afirmou-se também que é desejável que “todas as instituições não se «apeguem» à criança,
considerando-a como sua propriedade” mas que procurem encontrar uma “boa família de
adopção, entre as 3 mil que são candidatas”.
O Estado “não apresenta nenhum verdadeiro modelo educativo em relação às crianças”
– consideraram. E exemplificaram: “o caso Casa Pia demonstra o vazio de modelos educativos
do Estado e também a fuga às responsabilidades: o Estado devia estar sentado no banco
dos réus e não está”. Perante este cenário, constatou-se que na Pastoral Social “não
pode haver rotina” e o grande desafio está “no inovar permanentemente”.
Durante os cinco dias da semana (5 a 9 de Setembro), os participantes concluíram ainda
que se impõe a “criação de estruturas de acompanhamento que ajudem o casal adoptante
e a criança adoptada a vencerem as dificuldades de adaptação a uma nova realidade”.