Igrejas lusófonas preocupadas com crescimento das seitas:as conclusões do encontro
em Maputo das presidencias das conferências episcopais
As presidências das Conferências Episcopais Lusófonas manifestaram-se preocupadas
com o crescimento das seitas nos seus países, lamentando a “generalizada falta de
maturidade na fé e até diminuição e perda da mesma por parte dos fiéis”.
No comunicado final do seu VI Encontro, os prelados alertaram para o abandono da Igreja
e a adesão a novos movimentos religiosos, “designadamente de tipo Pentecostal”.
Nesse sentido, pedem “uma revisão dos processos pastorais de evangelização, ao nível
da própria catequese, bem como um esforço renovado na formação permanente dos fiéis,
do clero e de outros agentes da pastoral”.
O documento sublinha a importância destes encontros lusófonos e destaca os “sinais
de vitalidade e esperança nas suas Igrejas”. Entre estes enumeram “a participação
mais activa dos fiéis na vida da Igreja”, a “expansão do voluntariado missionário
dos leigos” e em África, aumento do número de fiéis, sacerdotes e religiosos, entre
outros.
A Assembleia decidiu que o VII Encontro das Presidências das Conferencias Episcopais
dos Países Lusófonos decorra em Portugal, no Santuário de Fátima, de 9 a 12 de Outubro
do próximo ano de 2006. O tema central da agenda será a avaliação dos seis primeiros
encontros com vista ao estabelecimento de perspectivas de futuro que permitam incrementar
o intercâmbio e a comunhão entre as Igrejas Lusófonas.
Instabilidade e preocupação
O comunicado final chama a atenção para “as sequelas da guerra e das lutas partidárias
nalguns países lusófonos” lançando um “apelo urgente à educação para a paz, à defesa
e promoção dos direitos humano”.
Os Bispos desafiam os governantes lusófonos a “uma prática política entendida como
serviço para bem do povo e não como busca do poder pessoal ou partidário e ainda à
recusa de qualquer forma de violência no convívio social e da corrupção e do clientelismo
no exercício de funções públicas”.
As conclusões apontam ainda para o fenómeno crescente da migração das populações,
bem como para situações de pobreza de grande parte das populações dos países lusófonos
e para a importância da “estabilidade e legitimidade política”.
Uma posição de conjunto foi tomada no que diz respeito a “movimentos sociais e iniciativas
legislativas, já em curso nalguns países, no sentido de atentar contra o direito à
vida e à dignidade da pessoa humana”. “Os participantes no VI Encontro propuseram-se,
conjuntamente com outras confissões religiosas, mobilizar os fiéis, pessoas de boa
vontade, entidades e organizações que defendem os mesmos valores, para uma acção concertada
junto dos Estados que pretendam desrespeitar tais direitos, chamando a atenção para
o princípio de que nem tudo o que é legalmente permitido é moralmente lícito”, pode
ler-se.
Os participantes no Encontro decidiram promover a reflexão sobre a água como bem necessário
para todas as formas de vida e o acesso à mesma como "direito humano" a ser protegido
de “interesses mercantilistas”.
O VI Encontro das Presidências das Conferências Episcopais dos Países Lusófonos decorreu
no Seminário Filosófico Inter-diocesano S. Agostinho na Matola (Maputo, Moçambique),
de 6 a 9 deste mês de Setembro .
Estiveram presentes delegações de Angola, do Brasil, da Guiné-Bissau, de Moçambique
e de Portugal. Também participaram no Encontro o Padre. José Maia, representante da
Fundação Evangelização e Culturas (Portugal) e o Padre Inácio Manuel Mole, Director
do Secretariado da Conferência Episcopal Moçambicana.