2005-08-31 20:13:39

TRAGÉDIA NO IRAQUE: PEREGRINOS EM FUGA, MASSACRADOS


Bagdá, 31 ago (RV) - 850 mortos e 323 feridos, na maioria mulheres e crianças: é o balanço trágico da matança ocorrida hoje, na zona norte de Bagdá. Autoridades iraquianas estimam que os mortos no tumulto podem chegar a mil.

O lançamento de quatro salvas de morteiro contra milhares de fiéis, congregados em torno da mesquita xiita de Al-Kadhimiya, provocou uma fuga maciça de peregrinos, que, em pânico procuravam alcançar uma ponte do rio Tigre. O corre-corre foi provocado também por boatos segundo os quais estaria escondido no meio da multidão um terrorista suicida pronto para fazer-se detonar.

O Ministro do Interior iraquiano, Bayan Jabor, acusou "um terrorista" (sem fornecer maiores detalhes) de ter espalhado o boato da presença de um suicida (kamikaze) entre a multidão de xiitas, causando o corre-corre que desencadeou a tragédia.

Foram muitas as mortes "causadas por empurrões e esmagamento", mas a maioria das vítimas morreu afogada nas águas do Tigre, onde caíram, da ponte de Al-Aaimmah, cuja estrutura cedeu, em parte devido à pressão dos fugitivos.

Trata-se do maior massacre ocorrido no país árabe, nestes dois anos e meio de ocupação anglo-americana. Certamente o fato contribuirá para aumentar ainda mais a tensão político-religiosa já bastante alta, em plena queda de braço sobre o esboço da nova Constituição iraquiana, aprovado pela aliança majoritária curdo-xiita, mas rechaçado pelos sunitas.

Não obstante a tragédia, milhares de fiéis xiitas continuaram a lotar a mesquita de Al-Kadhimyah, um dos principais mausoléus xiitas da cidade, para participar da cerimônia de comemoração do martírio de uma das figuras mais veneradas pela comunidade xiita: o 7º imame, Moussa Al-Kadhir. Impassíveis, sob um sol tórrido, celebraram o típico ritual da lamentação fúnebre em honra de Kadhir, batendo rítmica e repetidamente no peito.

O Ministro da Saúde, próximo do movimento do líder radical xiita, Moqtada Al Sadr, pediu publicamente, a demissão de seus colegas, do Interior (um xiita) e da Defesa (um sunita), que acusou de serem responsáveis pela tragédia de hoje.

Um grupo sunita pouco conhecido, o "Exército da seita vitoriosa", reivindicou o ataque contra a mesquita xiita de Bagdá. O grupo afirma ter aberto fogo com morteiros e e foguetes contra "uma concentração de apóstatas" na mesquita de Kadhimiya. (PL)







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