As grandes questões éticas do nosso tempo,uma prioridade urgente no diálogo ecumenico;a
melhor forma de ecumenismo consiste em viver segundo o Evangelho,salientou Bento XVI
esta sexta feira á tarde no encontro em Colonia com representantes de diversas Confissões
cristãs
“A melhor forma de ecumenismo consiste em viver segundo o Evangelho”. Unidade dos
cristãos “não significa uniformidade em todas as expressões da teologia e da espiritualidade,
nas formas litúrgicas e na disciplina”. Trata-se de “unidade na multiplicidade e multiplicidade
na unidade”. “Plena unidade e verdadeira catolicidade vão pari passu”. Estas algumas
das declarações mais significativas de Bento XVI, no encontro com representantes das
diversas Confissões cristãs da Alemanha.
O Papa começou por recordar que a Alemanha não é só o país de origem da Reforma, mas
também um dos países de onde partiu o movimento ecuménico do século XX. Congratulando-se
com o “clima mais aberto e confiante”, fruto do diálogo estabelecido, Bento XVI sublinhou
que a fraternidade entre os cristãos não é um vago sentimento nem tampouco indiferença
em relação à verdade, mas funda-se na realidade sobrenatural do Baptismo, que nos
insere no único Corpo de Cristo. “Conjuntamente confessamos Jesus Cristo como Deus
e Senhor, juntos O reconhecemos como único mediador entre Deus e os homens”.
“Tenho bem consciência de que muitos cristãos neste país – e não só neste – aguardam
mais passos concretos de reaproximação. Também eu os espero e desejo. É mandamento
do Senhor e também imperativo da hora presente que se continue convictamente o diálogo
a todos os níveis, na vida da Igreja. O que deve, obviamente, acontecer com sinceridade
e realismo, com paciência e perseverança, em fidelidade aos ditames da consciência.
Não pode haver diálogo à custa da verdade; o diálogo deve realizar-se na caridade
e na verdade.”
Deixando expressamente de lado a questão dos temas mais importantes a enfrentar no
diálogo ecuménico – pois tal “compete aos teólogos em colaboração com os Bispos” –
Bento XVI fez só “uma anotação”: “As questões eclesiológicas, especialmente a do ministério
consagrado, do sacerdócio, estão inseparavelmente ligadas à questão da relação entre
Escritura e Igreja, isto é, à justa interpretação da Palavra de Deus e ao desenvolvimento
desta na vida da Igreja”.
O Papa não deixou também de apontar “uma prioridade urgente no diálogo ecuménico”:
as grandes questões éticas do nosso tempo. “Neste campo os homens esperam, com toda
a razão, uma resposta comum da parte dos cristãos. Graças a Deus, em muitos casos
esta tem existido. Mas, infelizmente, nem sempre. As contradições neste campo fazem
com que percam força o testemunho evangélico e a orientação ética que temos o dever
de dar aos fiéis e à sociedade, assumindo frequentemente características vagas. Falhamos
assim ao nosso dever de dar ao nosso tempo o necessário testemunho. As nossas divisões
estão em contraste com a vontade de Jesus e tornam-nos não credíveis perante os homens”.